São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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Confusão cerca contato por brasileiro

MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE AMÃ

Oficialmente, o Itamaraty diz que os contatos no Oriente Médio da missão especial montada pelo Brasil têm sido bem-sucedidos. Porém, em Amã, capital da Jordânia, a missão disse que ainda não conseguiu informações sobre o engenheiro brasileiro José João de Vasconcellos Jr., 49, desaparecido no Iraque há 10 dias.
"Não sabemos de nada", disse o embaixador do Brasil na Jordânia, Antonio Carlos Coelho da Rocha, quando questionado se havia alguma informação sobre o estado de saúde do seqüestrado.
Os diplomatas brasileiros, liderados pelo enviado especial do Itamaraty, Affonso Celso de Ouro-Preto, reuniram-se ontem com colegas italianos. Parte da estratégia do Brasil, considerada sigilosa, é procurar ajuda de embaixadas de países que já tiveram cidadãos seqüestrados no Iraque.
A embaixada continua tentando entrar em contato com grupos islâmicos que poderiam fazer apelos pela libertação do brasileiros. Mas ainda não conseguiu falar com nenhum deles.
O principal grupo listado pelo Brasil é a Associação de Clérigos Muçulmanos do Iraque, formada por líderes sunitas contrários às eleições de amanhã, mas que já intermediou negociações entre grupos terroristas e governos.
Os diplomatas brasileiros esperam que a associação ou outros grupos religiosos façam apelos por informações sobre o caso.
Na noite de anteontem, Ouro-Preto foi à casa do embaixador da Espanha em Amã para ouvir conselhos, e a missão fez contatos com representantes da China, do Reino Unido, da França, da Coréia do Sul e da África do Sul.
Os diplomatas também pediram um relato de um empregado da Construtora Norberto Odebrecht que continua em Amã. O funcionário falou durante meia hora com Ouro-Preto, Coelho, e Paulo Joppert, o responsável pelo núcleo iraquiano. Ele trabalhava com Vasconcellos Jr. e foi retirado do Iraque pela empresa após o ataque, mas não estava no comboio atingido pelos terroristas.
A missão especial espera que os responsáveis pelo desaparecimento do brasileiro façam um pedido de resgate. O grupo em Amã avalia que o Brasil não tem como fazer concessões políticas.
Ouro-Preto vai a Damasco, na Síria, neste final de semana.


Com a Sucursal de Brasília


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