São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Bush faz pressão por pacote econômico

No último "Estado da União", presidente diz que Congresso pode evitar recessão

Mandatário cita "resultados que poucos imaginariam" no Iraque e diz que vetará emendas parlamentares para reduzir os gastos

DA REDAÇÃO

Sob a sombra de uma esperada recessão, o presidente dos EUA, George W. Bush, fez ontem ontem às 21h (meia-noite no Brasil) em Washington seu último discurso anual sobre o "Estado da União" ao Congresso americano, focando na economia e insistindo em um pacote de estímulo ao consumo que nasceu debaixo de críticas.
Com pesquisas mostrando que a situação econômica encabeça a lista das preocupações dos americanos, Bush enfrenta a perspectiva de fechar seus dois mandatos não apenas como o líder que iniciou a guerra no Iraque mas também como o que levou o país à crise.
Em entrevista à rádio ABC, antes do discurso, Bush minimizou as projeções de que os EUA entrarão em recessão e reafirmou sua confiança no pacote de US$ 150 bilhões que anunciou há cerca de dez dias. "Não acho que haverá recessão, e uma forma de garantir isso é o Congresso aprovar um pacote de estímulos o mais rápido possível", disse.
No discurso, ele admitiu que "a curto prazo, todos podemos ver que o crescimento está desacelerando". A solução, disse, é pôr mais dinheiro na mão das pessoas. Para isso, insistiu, o Congresso deve aprovar o pacote "o mais rápido possível". O plano prevê restituições fiscais aos indivíduos e incentivos fiscais às empresas.
"Para construir um futuro próspero, devemos confiar nas pessoas para lidar com seu dinheiro e dar a elas o poder de fazer crescer nossa economia. O povo americano é forte o suficiente para promover a liberdade no exterior enquanto seu trabalho duro alimenta a prosperidade em casa."
Além do plano de urgência, Bush insistiu em que o Congresso torne permanentes os cortes de impostos aprovados durante seu governo e que, segundo os críticos, beneficiaram principalmente os americanos de renda mais alta. "Se chegar à minha mesa qualquer lei de aumento de impostos, eu a vetarei", prometeu. Bush também exigiu que os congressistas reduzam pela metade o número e valor de projetos aprovados por emendas parlamentares e prometeu vetar o excedente, a fim de reduzir o gasto público.
Enfraquecido politicamente e eclipsado pela corrida presidencial de 2008, a preocupação de Bush foi mais a de salvar suas idéias do que a de oferecer propostas inovadoras. "Não é realista pensar que ele faria grandes anúncios sobre o futuro quando lhe resta apenas um ano no poder", disse a porta-voz do governo Dana Perino.

Iraque
Bush também insistiu em que sua estratégia para o Iraque está certa. "O inimigo ainda é perigoso e é preciso continuar o trabalho. [Mas] as forças americanas e iraquianas alcançaram resultados que poucos de nós poderiam imaginar há um ano."
Em 2008, pela primeira vez desde o início da guerra, o Iraque não é a prioridade dos americanos: segundo uma pesquisa do jornal "The Washington Post" e da rede ABC, 29% dos entrevistados vêem na economia sua maior preocupação, contra 20% que vêem o Iraque.
Foi no discurso "O Estado da União" do ano passado que Bush anunciou um reforço de cerca de 30 mil soldados no Iraque, aumentando o total para 160 mil.
O Irã também foi alvo de críticas. "Saibam disso: a América vai confrontar aqueles que ameacem nossas tropas (...) e defenderemos nossos interesses vitais no golfo Pérsico."
Bush abordou ainda a questão da energia, tópico importante em seus dois últimos discursos sobre o estado da União. " Nossa segurança, prosperidade e ambiente exigem que reduzamos nossa dependência do petróleo", repetiu.


Com agências internacionais


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