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Universitários brasileiros são afetados por revolta estudantil
DO ENVIADO A PARIS
Os brasileiros que vivem em Paris e estudam em universidades
francesas têm vivido a revolta estudantil intensamente, participando dos protestos contra a lei
trabalhista CPE e sendo obrigados a mudar seu cotidiano por
causa da greve que desde fevereiro afeta a maioria das instituições
de ensino superior do país.
Mas o endurecimento do governo francês no controle de imigrantes fez a Apeb (Associação
dos Pesquisadores e Estudantes
Brasileiros na França), 800 associados, recomendar precauções
aos que se juntam aos protestos.
A presidente da entidade, Cláudia Wanderley, passou a alertar os
integrantes do grupo para levarem às manifestações uma carta
atestando que sua presença ali está relacionada ao projeto de pesquisa que desenvolvem.
Isso impediria, explica ela, que
um brasileiro eventualmente preso em meio a um tumulto nos
protestos fosse deportado com
base numa recente lei de imigração linha-dura, sob o argumento
de que estava ali exercendo atividade política no país, em vez de
estudar. Segundo ela, alguns associados já seguiram o conselho.
"O [presidente Jacques] Chirac,
o [premiê Dominique de] Villepin e o [ministro do Interior Nicolas] Sarkozy querem limpar a
França dos imigrantes. Então
aconselho a todos que levem [às
marchas] um documento que
comprove que estão lá porque
aquilo é parte de seu objeto de estudo", disse Wanderley, pós-doutoranda em multilingüismo e novas tecnologias de linguagem na
Sorbonne Nouvelle (Paris 3).
Ontem havia vários estudantes
brasileiros na manifestação de Paris. O paulista Edson Teles, 38,
que faz um estágio de doutorado
em filosofia política na Paris 8/
Saint Dennis, afirmou que não estava ali pelo protesto em si mas
para auxiliar sua pesquisa. "A luta
contra o CPE se transformou
num símbolo de como o francês
se manifesta contra a forma de organização social."
Para a cearense Sônia Oliveira,
doutoranda em cinema e audiovisual na Paris 3/Sorbonne e crítica
do CPE, "é interessante ver os
franceses batalhando para manter
conquistas que, embora taxadas
de arcaicas por uns, nós nunca tivemos no Brasil".
Além de perderem aulas e reuniões de trabalho regulares por
causa da greve, os universitários
brasileiros estão impedidos de
utilizar espaços importantes na
sua rotina de estudos, como bibliotecas e laboratórios de informática das escolas, cujas entradas
são vigiadas por manifestantes.
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