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Para analistas, eleição traz grandes mudanças
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM
A criação de um Estado palestino ficou mais fácil depois da eleição israelense e será uma realidade nos próximos quatro anos, na
opinião de dois analistas ouvidos
pela Folha, um palestino e um israelense.
"Vejo a criação de um Estado
palestino como um fato inevitável
até 2010", disse ontem Gidi Grinstein, coordenador da equipe israelense de negociações com os
palestinos durante o governo do
primeiro-ministro Ehud Barak.
Para o analista, que preside
atualmente o instituto de estudos
políticos Reut, com sede em Tel
Aviv, Israel passou por grandes
mudanças políticas nesta eleição.
Uma delas abre caminho para que
os palestinos tenham o seu país.
"Pela primeira vez na história de
Israel um partido lidera uma
campanha com a plataforma de
fazer compromissos territoriais e
de desmantelar assentamentos.
Isso não era possível há dez anos",
disse Grinstein.
Para o analista, já existe em Israel um consenso político em relação à criação do Estado palestino. "Há em Israel uma convergência política na direção do
pragmatismo. O país sabe que
não pode manter o controle dos
territórios ocupados. Até mesmo
o Likud e outros partidos religiosos aceitam isso", disse.
"O Estado palestino já existe de
fato. Há um governo, um território, uma população. O que falta
definir são, a exemplo de Israel,
suas fronteiras", disse Grinstein.
O analista palestino Elias Zanieri, que participou das negociações
dos acordos de Genebra, acha que
o Hamas vai relaxar suas posições
radicais, o que também facilitará a
criação de um Estado.
"O Hamas está tentando relaxar
suas posições. Israel já aceita negociar. Essa é uma boa receita para resolver o conflito, com base
em uma solução de dois Estados,
seguindo as fronteiras de 1967",
disse Zanieri.
"Mesmo se o Hamas não aceitar
negociar com Israel, ainda há a
Organização para a Libertação da
Palestina, que é a responsável pela
política externa. Se o Hamas recusar-se a negociar, a OLP pode
convocar um referendo. Tenho
certeza de que o povo palestino
sabe da chance de ter um Estado
em breve e na sua maioria aceita
sentar-se à mesa com Israel."
Para Zanieri, os palestinos não
aceitam a imposição de suas fronteiras por parte de Israel. Mas
acha que o país terá de abrir mão
dessa idéia.
"No final das contas, os israelenses sabem que não vão poder
fixar as fronteiras sozinhos. Eles
precisam abrir mão disso, para
receber concessões em troca",
disse o analista.
(MG)
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