São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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Para analistas, eleição traz grandes mudanças

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM

A criação de um Estado palestino ficou mais fácil depois da eleição israelense e será uma realidade nos próximos quatro anos, na opinião de dois analistas ouvidos pela Folha, um palestino e um israelense.
"Vejo a criação de um Estado palestino como um fato inevitável até 2010", disse ontem Gidi Grinstein, coordenador da equipe israelense de negociações com os palestinos durante o governo do primeiro-ministro Ehud Barak.
Para o analista, que preside atualmente o instituto de estudos políticos Reut, com sede em Tel Aviv, Israel passou por grandes mudanças políticas nesta eleição. Uma delas abre caminho para que os palestinos tenham o seu país.
"Pela primeira vez na história de Israel um partido lidera uma campanha com a plataforma de fazer compromissos territoriais e de desmantelar assentamentos. Isso não era possível há dez anos", disse Grinstein.
Para o analista, já existe em Israel um consenso político em relação à criação do Estado palestino. "Há em Israel uma convergência política na direção do pragmatismo. O país sabe que não pode manter o controle dos territórios ocupados. Até mesmo o Likud e outros partidos religiosos aceitam isso", disse.
"O Estado palestino já existe de fato. Há um governo, um território, uma população. O que falta definir são, a exemplo de Israel, suas fronteiras", disse Grinstein.
O analista palestino Elias Zanieri, que participou das negociações dos acordos de Genebra, acha que o Hamas vai relaxar suas posições radicais, o que também facilitará a criação de um Estado.
"O Hamas está tentando relaxar suas posições. Israel já aceita negociar. Essa é uma boa receita para resolver o conflito, com base em uma solução de dois Estados, seguindo as fronteiras de 1967", disse Zanieri.
"Mesmo se o Hamas não aceitar negociar com Israel, ainda há a Organização para a Libertação da Palestina, que é a responsável pela política externa. Se o Hamas recusar-se a negociar, a OLP pode convocar um referendo. Tenho certeza de que o povo palestino sabe da chance de ter um Estado em breve e na sua maioria aceita sentar-se à mesa com Israel."
Para Zanieri, os palestinos não aceitam a imposição de suas fronteiras por parte de Israel. Mas acha que o país terá de abrir mão dessa idéia.
"No final das contas, os israelenses sabem que não vão poder fixar as fronteiras sozinhos. Eles precisam abrir mão disso, para receber concessões em troca", disse o analista. (MG)


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