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Jovens chineses rejeitam volta ao campo
Promessas de emprego atraem multidão; às vésperas da formatura, turma de 2009 sonha com trabalho urbano
DE PEQUIM
Na manhã de sexta-feira, sob
4ºC, 5.000 estudantes de várias
universidades de Pequim se dividem em duas filas na entrada
do ginásio da Universidade de
Ciência e Tecnologia. Eles participam da Feira de Empregos
organizada pela instituição,
que apresenta estudantes a
possíveis empregadores.
Os jovens chegaram cedo, às
8h, mas têm que esperar até
10h30, pois os formandos da
universidade anfitriã do evento
têm preferência. São mais de
7.000 candidatos para 1.400 vagas. Outras feiras pelo país reúnem de 10 mil a 20 mil candidatos para menos de mil vagas.
Zheng Ting, 22, passa frio na
fila do ginásio. No último ano
do curso de Gerenciamento de
Recursos Humanos, ela procura emprego desde setembro.
Há quatro anos, a jovem não visita os pais, camponeses, que
moram na Província de Guizhou, a 2.536 km de Pequim.
Diz que só os visitará quando tiver emprego garantido.
"Eu vou continuar procurando trabalho em Pequim e nas
cidades vizinhas, não quero
voltar ao campo", diz a universitária. "Paguei meus estudos
com empréstimo escolar e preciso quitar essa dívida nos próximos anos." Mesmo as universidades públicas cobram anuidade na China.
A direção da universidade
não permitiu o acesso da Folha
ao interior do ginásio, onde
funcionários de empresas,
principalmente estatais, ficam
sentados em pequenas cabines,
recebendo um a um os currículos e fazendo minientrevistas
ao vivo com os candidatos.
Na fila, muitos candidatos
não parecem animados com os
paliativos oferecidos pelo governo chinês.
"Para mim, o oeste da China
é muito remoto, não quero ir
trabalhar lá", diz Li Weijie, 22,
estudante do 4º ano de Ciências da Computação.
"Meus pais estão preocupados comigo, somos de Hebei
[Província vizinha a Pequim],
mas eu não quero voltar pra lá.
Me acostumei à cidade."
Apesar da história de meritocracia inspirada nos conceitos
confucionistas, alguns formandos acreditam no universal
"quem indica". O estudante de
logística Gu Xuewei, 22, de Pequim, diz que está passando
por grande pressão, mas é otimista. "Se não achar meu emprego aqui, meus pais vão me
ajudar com seus contatos. No
final, isso é o que funciona."
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