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Crise obriga Obama a estender a mão a inimigos, diz analista
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O analista David Rothkopf
acha uma bobagem avaliar um
presidente dos EUA pelos primeiros cem dias, ainda mais em
apostas de longo prazo como
política externa, mas cita a regra de ouro em que se baseia a
doutrina Obama, em especial
no trato com os inimigos: faça
com os outros o que você gostaria que fizessem com você, porque os EUA não têm energia ou
recursos para nenhuma guerra
para valer neste momento.
Para Rothkopf, que foi subsecretário do Comércio no governo Clinton (1993-2001) e é ex-diretor do escritório de consultoria de Henry Kissinger, os parâmetros pelos quais Obama
será julgado em 2012 estarão
baseados no funcionamento ou
não dessa regra.
"O "primeiro encontro" com o
mundo acabou. E foi tudo muito bem. Agora tudo é previsão.
Todo mundo que passou dos 18
anos já atravessou essa fase e
sabe o que vem depois", ironiza
Rothkopf em seu blog, no site
da revista "Foreign Policy".
Entre os dez pontos que cairão na prova de fim de mandato
de Obama estarão: os problemas no Afeganistão e Paquistão
-"Obama passará de ano se
não terminarmos [2012] com
mais tropas do que temos agora
e se todo o Paquistão não for
governado por fundamentalistas"- e a relação com a China,
que representa o desafio de
Obama de "forjar uma doutrina
de interdependência com um
crítico parceiro que é um possível rival", além de Iraque e economia, onde vai mal.
À Folha, ele falou sobre a relação com a América Latina.
Para o autor de "Running the
World: The Inside Story of the
National Security Council and
the Architects of American Power" (governando o mundo: a
história interna do Conselho
de Segurança Nacional e os arquitetos do poder americano),
Obama mudou o tom da relação para melhor e está comprometido com a nova parceria.
Mas a relação com América
Latina, diz, será premida pelo
tempo -a região não está no
topo da agenda- e dinheiro,
que os EUA não têm. Avalia
que é difícil uma mudança na
problemática política antidrogas, que pauta parte da agenda
com a região. Aposta em mudança interna. "Mas temo que
ela não avance o suficiente."
Ele diz que ainda há uma discussão interna no governo
Obama sobre a renovação dos
postos-chave da diplomacia na
região, se devem ir para diplomatas de carreira ou para indicados políticos. "A indicação
para o Brasil pesa a balança
nessa discussão", diz.
Quanto a Hugo Chávez, ele é
mais que pessimista. Acha que
a relação Caracas-Washington
abriga problemas por conta da
aproximação de Chávez com
Irã e Rússia, por exemplo. "Há
um tema que me preocupa:
com Irã e outros países dominando "tecnologia nuclear" com
fins "pacíficos", quanto tempo
levará até a Venezuela achar
que é permitido seguir esse caminho?", alarma-se.
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