São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Pressão alemã altera projeto mediterrâneo

DA REPORTAGEM LOCAL

Nicolas Sarkozy queria transformar a presidência francesa da União Européia (UE) em vitrine para a sua ambiciosa União do Mediterrâneo (UM), mas teve de redefinir os contornos do projeto para dissipar o ceticismo quase generalizado.
A iniciativa, que será formalmente lançada numa cúpula em Paris no próximo dia 13, difere em muito do projeto defendido por Sarkozy quando era candidato à eleição presidencial, em 2007.
O líder francês queria uma aliança geopolítica entre os 25 países mediterrâneos, nos moldes do Processo de Barcelona, lançado em 1995 mas que nunca vingou -em boa parte devido à rejeição da presença de Israel pelos governos árabes do grupo.
Segundo analistas, a UM seria uma tentativa de reforçar a influência da França no Sul e ao mesmo tempo oferecer uma alternativa à candidatura da Turquia à adesão à UE, que desperta ojeriza em Sarkozy.
A UM trataria de cooperação em áreas como transporte, ciência e energia.
Mas a idéia inicial só teve apoio significativo de Marrocos, Egito, Tunísia e Israel, que não desperdiça chances de demonstrar sua "boa vontade" com os árabes.
A Líbia acusou Paris de querer dividir os árabes. A Alemanha, irritada por não ter sido incluída, acusou Sarkozy de buscar usar fundos da UE para benefício exclusivo da diplomacia francesa. A UM emplacou depois que todos os 27 países-membros foram incluídos.
"O Mediterrâneo é um conjunto coerente que, uma vez em paz, será extraordinariamente próspero", diz o embaixador da França no Brasil, Antoine Pouillieute. Ele cita imigração, cooperação acadêmica e tecnológica como as bases práticas da parceria mediterrânea.
Mas o projeto continua contestado. "Não há muita novidade em relação ao Processo de Barcelona, e ninguém espera que funcione de fato", diz o analista italiano Fabio Liberti. "Fora a ONU, nenhum fórum reunindo israelenses e palestinos funcionou", afirma. (SA)



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