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Opositor ameaça vetar embaixador no Brasil
Senador republicano pede explicações sobre defesa que Shannon, indicado por Obama para posto, fez do álcool brasileiro
Aprovado em comissão, ele pode ser barrado no plenário;
senadores também aprovam em 1ª votação novo chefe de diplomacia para as Américas
Karen Bleier/France Presse
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Comissão Judicial do Senado americano se reúne para aprovar indicação de juíza Sonia Sotomayor à Suprema Corte dos EUA
DE WASHINGTON
O xadrez político em que se
transformou o processo de
confirmação do diplomata
Thomas Shannon como novo
embaixador dos EUA no Brasil
avançou mais uma casa ontem,
com sua aprovação pela Comissão de Relações Exteriores do
Senado por 14 votos a 4, com
uma abstenção. Agora, ele tem
de ser aprovado pela maioria
dos 100 senadores.
No mesmo dia, o republicano
Charles Grassley, do Iowa, representante da poderosa bancada ruralista americana e presidente da Comissão Financeira do Senado, divulgou carta
que enviou ao presidente Barack Obama, à secretária de Estado, Hillary Clinton, e ao secretário especial de Comércio
Exterior, Ron Kirk, em que pede esclarecimentos sobre uma
declaração de Shannon.
É que, na primeira audiência
de sua confirmação, em 8 de julho, o diplomata havia dito que
a remoção da tarifa que os EUA
cobram atualmente sobre o álcool combustível brasileiro seria "benéfica" para ambos os
países. Durante a campanha,
necessitado dos votos dos Estados do chamado "cinturão do
milho", Obama se disse contra
a queda da tarifa, de US$ 0,54
por galão (ou R$ 0,27 por litro).
Grassley, que representa os
produtores de álcool de milho
americano, é a favor da manutenção do imposto e ameaça
emperrar a confirmação caso
Shannon não recue da defesa.
Se ele lançar mão de um recurso regimental para isso, os democratas terão de conseguir 60
dos 100 votos para a aprovação
do nome do embaixador -exatamente o número atual de senadores governistas.
Outra solução seria 1 dos 3
destinatários da carta responder ao senador contradizendo o
diplomata, o que pode criar um
constrangimento desnecessário na relação entre os dois países em torno justamente da figura do futuro embaixador. Se
não chega a ameaçar de fato a
aprovação, o episódio mostra o
desgaste político que Obama
sofre no Congresso aos seis meses de seu mandato.
Valenzuela
Na semana anterior, outro
senador, Jim DeMint, da Carolina do Sul, havia usado de outro artifício, ainda no âmbito da
Comissão de Relações Exteriores, para adiar a votação dos nomes de Shannon e de seu indicado sucessor ao posto de secretário-assistente para a América Latina, o chileno-americano Arturo Valenzuela.
Republicano ultraconservador, DeMint reclamava do que
chamou de posição "unilateral"
da Casa Branca a favor do presidente deposto de Honduras,
Manuel Zelaya, e contra o regime golpista liderado por Roberto Micheletti. Ontem, o nome de Valenzuela foi aprovado
pela comissão; agora, tem de
ser ratificado pela maioria dos
senadores, o que pode acontecer ainda nesta semana.
Em sua primeira audiência
diante dos senadores, no dia 8,
Valenzuela confirmou que trabalhava como consultor para o
poderoso escritório de lobby
Akin, Gump, Strauss, Hauer
and Feld, de quem recebeu US$
180 mil em 2008 e para quem
presta serviços há oito anos.
Segundo documento público
que entregou ao Escritório de
Ética do Governo dos EUA, Valenzuela prestou serviços para
diversas empresas com interesses na região em que comandará a diplomacia americana. Entre elas estão a petroleira ConocoPhillips, que briga com o
governo de Hugo Chávez, a mexicana Televisa e o banco chileno CorpBanca.
Ele prometeu, se for confirmado, desligar-se de todas as
atividades no setor privado.
(SÉRGIO DÁVILA)
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