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Com fechamento de rádio, jornalista ganha "folga" na embaixada
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Até há pouco o jornalista
mais ativo da Embaixada do
Brasil em Honduras, o repórter
da rádio Globo Luis Galdamez
entrou às 5h da madrugada onde dorme a maioria dos jornalistas para anunciar: a sua
emissora havia sido fechada
horas antes por militares.
A sala onde dormem cerca de
15 pessoas foi a sua única audiência na manhã, e Galdamez
teve um dos seus dias mais
tranquilos nos últimos três meses, em que quase sempre esteva ao lado de Zelaya.
"Desde o dia do golpe, não
descansei um dia", diz Galdamez, 41, separado, pai de sete filhos e dono de uma voz forte
que não muda, dentro ou fora
do ar. "Estive na Nicarágua,
cruzei a fronteira a pé, transmitindo ao vivo", afirmou, sobre a
segunda tentativa de Manuel
Zelaya de cruzar a fronteira pelo país vizinho, em julho.
Até anteontem, Galdamez
passava até oito horas ao vivo
por dia, sempre entrevistando
Zelaya e seus principais assessores sobre assuntos do dia. Em
algumas ocasiões, ele era o único dos jornalistas a falar com o
presidente deposto, já que representa o único meio de comunicação hondurenho presente na embaixada brasileira.
Com transmissão em praticamente todo o país, a rádio
Globo opera na frequência FM
e pertence ao suplente de deputado e empresário Alejandro
Villatoro, aliado de Zelaya.
Já o canal 36, o Cholusat Sur,
também fechado ontem, tem
alcance bastante limitado e está bem longe da audiência dos
principais canais de Honduras.
"Eu não apoio Mel [apelido
de Zelaya], estou contra o golpe", afirma Galdamez. "No meu
programa, "Atrás da Verdade",
não havia nenhuma publicidade do governo quando ele era o
presidente."
Galdamez disse que ontem
teve o dia com menos trabalho
desde que chegou à embaixada,
oito dias antes, junto com Zelaya. Ele nem sequer participou
da única entrevista coletiva do
presidente deposto concedida
ontem, justamente para falar
do fechamento da rádio em que
trabalha.
O jornalista da rádio Globo
tem um tratamento diferenciado: dorme numa sala com assessores de segundo escalão de
Zelaya, longe dos demais colegas. O seu "escritório" é a seção
de arquivos da embaixada, onde também descansa, separado
do chão apenas por um cobertor. "O meu travesseiro é a mochila", afirmou.
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