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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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Novo ataque com carro-bomba mata quatro em Fallujah

Mohammed Abud/Reuters
Policiais iraquianos observam os destroços de um carro-bomba que explodiu perto de uma delegacia em Fallujah, a oeste de Bagdá


DA REDAÇÃO

A onda de atentados suicidas no Iraque deixou mais quatro mortos ontem, quando um carro-bomba explodiu perto de uma delegacia em Fallujah, a oeste de Bagdá. Na capital, um dos três vice-prefeitos foi morto a tiros, e em Mossul, no norte do país, o editor de um jornal foi assassinado.
O comando americano também anunciou a morte de mais dois soldados da coalizão entre a noite de segunda-feira e a de ontem -um, cuja nacionalidade não foi revelada, em Basra, onde uma bomba explodiu em uma estrada e matou mais dois civis; outro em Bagdá, num ataque com granadas-foguetes. Só no pós-guerra, 114 soldados americanos e 11 britânicos foram mortos em ataques.
A violência de ontem se segue a quatro atentados com carros-bomba em Bagdá, anteontem, que deixaram ao menos 35 mortos, e um ataque ao hotel Rashid, no domingo, no momento em que hospedava Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa dos EUA.
No incidente em Fallujah, na região do Triângulo Sunita, um Toyota explodiu em frente a uma usina elétrica, perto de uma escola e a cem metros de uma delegacia. Não se sabe qual era o alvo.
Alguns relatos contabilizam seis mortos, mas o policial Jalal Sabri afirmou que o número era impreciso "porque algumas vítimas tiveram membros decepados".
Os ataques no pós-guerra, que inicialmente focaram as forças de ocupação -hoje alvo de 35 ataques diários, uma média recorde-, passaram a visar também organismos estrangeiros, como a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Mais recentemente, chegaram aos próprios iraquianos, especialmente aqueles considerados colaboradores dos EUA, como policiais.
O presidente dos EUA, George W. Bush, atribuiu a violência a simpatizantes do regime deposto e a combatentes estrangeiros. "Eles estão tentando pôr as pessoas para correr. É isso o que terroristas fazem", disse.
Em Bagdá, o comando dos EUA anunciou que um dos três vice-prefeitos, Faris Abdul Razzaq al Assam, foi morto a tiros no domingo. Em Mossul, o corpo de Ahmed Shawkat, editor de um jornal independente, foi encontrado em seu escritório com marcas de bala. A filha do jornalista afirmou que ele vinha recebendo ameaças por escrever artigos críticos ao radicalismo religioso.

Debandada
Com a degradação da situação de segurança, as agências de ajuda humanitária estão reavaliando sua presença no país. As decisões devem seguir os passos da ONU, que, após ter sua sede em Bagdá atingida por dois atentados, reduziu seus funcionários no país de 650 para menos de 20.
"Definitivamente, parte de nosso pessoal deixará o Iraque", afirmou o coordenador de operações dos Médicos Sem Fronteiras, Marc Joolens. "É uma decisão difícil, pois há necessidades, mas também há grandes riscos."
Uma porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que teve dois funcionários mortos anteontem, afirmou que a principal dúvida é o trabalho em Bagdá, já que o resto do país é considerado "mais seguro".
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, ligou ontem para Jakob Kellenberger, presidente do CICV, pedindo que mantivesse a entidade no Iraque. Na véspera, ele dissera que o trabalho da ONU e das agências "é necessário e, sem ele, os terroristas vencerão".

Com agências internacionais

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