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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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A PRÓXIMA VÍTIMA

Acusada pelos rebeldes de colaborar com a ocupação, polícia torna-se um de seus alvos principais

Policiais iraquianos trabalham com medo

DA REUTERS, EM BAGDÁ

Policiais iraquianos, de luto por causa da morte de um colega nos atentados de anteontem em Bagdá, se perguntavam ontem enquanto o caixão de Haidar Saleh era carregado pela rua: "Quem vai ser o próximo?"
"Podemos morrer a qualquer instante", disse Assad Hissein. Pouco antes de sua morte, Saleh fez um pedido ao colega. "Ele olhou para mim e pediu para eu cuidar de seus filhos."
Quatro ações suicidas ocorreram anteontem, em postos policiais e na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, matando mais de 30 pessoas. Oito eram policiais, principais alvos dos ataques, que aumentaram as dúvidas sobre a capacidade americana de lidar com a situação de insegurança no Iraque.
Os policiais iraquianos estão em situação delicada. Marcados pela antiga associação com o regime de Saddam Hussein, são pouco respeitados pela população, que se lembra deles como corruptos. Agora, são atacados por trabalharem em colaboração com as forças de ocupação, o que enfurece partidários do ex-ditador e extremistas islâmicos.
Apesar disso, poucos policiais têm a opção de conseguir outro trabalho num país com 60% de desemprego. Saleh, que sustentava uma família de 11 pessoas com os US$ 120 ao mês, falava sempre do medo de ser morto.
"Ele ficou feliz quando Saddam foi derrubado. Disse que estava orgulhoso pelo fato de que ajudaria a tornar o país mais seguro aos iraquianos. Quando os atentados começaram, ficou preocupado", afirmou o irmão Barak. "Ele queria deixar seu emprego, mas não podia."
Autoridades dos EUA no país dizem que muitos querem entrar na nova força policial, mas policiais acham que estariam mais seguros sozinhos. "Somos alvos porque estamos com os americanos. Éramos mais felizes sem eles", disse Amaar Salman.


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