|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A PRÓXIMA VÍTIMA
Acusada pelos rebeldes de colaborar com a ocupação, polícia torna-se um de seus alvos principais
Policiais iraquianos trabalham com medo
DA REUTERS, EM BAGDÁ
Policiais iraquianos, de luto
por causa da morte de um colega nos atentados de anteontem
em Bagdá, se perguntavam ontem enquanto o caixão de Haidar Saleh era carregado pela rua:
"Quem vai ser o próximo?"
"Podemos morrer a qualquer
instante", disse Assad Hissein.
Pouco antes de sua morte, Saleh
fez um pedido ao colega. "Ele
olhou para mim e pediu para eu
cuidar de seus filhos."
Quatro ações suicidas ocorreram anteontem, em postos policiais e na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, matando mais de 30 pessoas. Oito
eram policiais, principais alvos
dos ataques, que aumentaram as
dúvidas sobre a capacidade
americana de lidar com a situação de insegurança no Iraque.
Os policiais iraquianos estão
em situação delicada. Marcados
pela antiga associação com o regime de Saddam Hussein, são
pouco respeitados pela população, que se lembra deles como
corruptos. Agora, são atacados
por trabalharem em colaboração com as forças de ocupação, o
que enfurece partidários do ex-ditador e extremistas islâmicos.
Apesar disso, poucos policiais
têm a opção de conseguir outro
trabalho num país com 60% de
desemprego. Saleh, que sustentava uma família de 11 pessoas
com os US$ 120 ao mês, falava
sempre do medo de ser morto.
"Ele ficou feliz quando Saddam foi derrubado. Disse que
estava orgulhoso pelo fato de
que ajudaria a tornar o país mais
seguro aos iraquianos. Quando
os atentados começaram, ficou
preocupado", afirmou o irmão
Barak. "Ele queria deixar seu
emprego, mas não podia."
Autoridades dos EUA no país
dizem que muitos querem entrar na nova força policial, mas
policiais acham que estariam
mais seguros sozinhos. "Somos
alvos porque estamos com os
americanos. Éramos mais felizes
sem eles", disse Amaar Salman.
Texto Anterior: Novo ataque com carro-bomba mata quatro em Fallujah Próximo Texto: Casa Branca exorta Síria e Irã a "cuidar" de fronteiras Índice
|