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PESQUISA
Latino-americanos pensam que Alca favorecerá os EUA, cujo governo atual é considerado negativo por 87% dos entrevistados
Elites da AL criticam Bush e livre comércio
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
As elites da América Latina pensam que os Estados Unidos levarão maior vantagem que os países
da região em caso de adoção do livre comércio e que George W.
Bush faz um mau governo.
Para 51% dos entrevistados, os
EUA terão vantagem com a adoção do livre-comércio. Uma proporção bem menor, ou 39%, acha
que todos sairiam ganhando, enquanto apenas 8% dizem que a
vantagem seria latino-americana.
A percepção dos efeitos da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) está em pesquisa feita
pelo instituto americano Zogby
International Poll, sob encomenda da faculdade de administração
da Universidade de Miami.
Foram ouvidas 537 pessoas de
classe média alta e com capacitação em suas áreas, entre 20 de
agosto e 2 de outubro. O instituto
entrevistou 107 mexicanos, 103
brasileiros, 87 colombianos, 80
argentinos e igual número de venezuelanos e chilenos.
Em cada país, os entrevistados
foram escolhidos em proporção
igual entre empresários, universitários, profissionais de mídia e
servidores públicos. A suposição
de que o livre comércio beneficia
os americanos é amplamente majoritária no México (76%) e no
Brasil (73%). No Chile (45%) e na
Argentina (48%), são em pouco
maiores as respostas segundo as
quais todos sairiam ganhando.
Os números são mais contundentes com relação ao governo
George W. Bush. Só 12% dos entrevistados o consideram positivo. Ele foi visto como negativo
por 87% da amostragem da elite.
A percepção negativa de Bush é
maior no Brasil (98%) e no México (92%), e menor na Colômbia,
onde é partilhada por 78%.
A pesquisa também demonstrou que a igreja é a instituição
mais confiável, apontada por 30%
dos entrevistados nos seis países.
Vêem a seguida as Forças Armadas (26%), a mídia (20%) e, em
colocações de menor relevância, a
polícia (12%) e o Judiciário (11%).
A mídia desfruta de maior crédito na Venezuela (43%), com
certeza em razão de seu papel de
oposição ao governo. Em segundo lugar, está o Brasil (33%), seguindo-se a grande credibilidade
no Chile (mesmo assim, 20%) e
na Colômbia (13%). México e Argentina são os países em que a mídia tem menor credibilidade.
As duas principais instituições
políticas, o Congresso e os partidos, ocupam as duas últimas posições na escala de credibilidade,
com respectivamente 7% e 5%.
A credibilidade do Congresso é
mais baixa na Venezuela (70%
não confiam), México (48%) e
Colômbia (46%). A confiança é
maior no Chile e no Brasil.
Quanto aos partidos, é praticamente geral o descrédito registrado nos seis países pesquisados. A
credibilidade é menor no México
(1%) e maior no Chile (10%). No
Brasil, os partidos têm boa credibilidade entre 9%.
Indagados sobre o que era mais
importante, democracia ou desenvolvimento econômico, em 5
dos 6 países a prioridade foi para a
democracia. A exceção ficou com
a Venezuela, onde 46% optaram
pela democracia e igual porcentagem pelo desenvolvimento. O
Brasil, com 68%, foi o país em que
mais entrevistados indicaram a
democracia como prioritária.
Quando se trata do grau de satisfação com a democracia, o Brasil também lidera o ranking (71%
se dizem satisfeitos), seguido do
Chile (69%), Argentina (49%),
Colômbia (42%) e México (38%).
A Venezuela vai contra a corrente,
em razão da polarização da sociedade por causa do presidente Hugo Chávez. Na elite, só 11% estão
satisfeitos com a democracia,
contra 83% dos que não estão.
Quem deve pagar mais impostos? Os mais ricos, respondem
55% dos brasileiros, 54% dos chilenos e 40% dos argentinos. Os
mais ricos e a classe média, dizem
21% dos colombianos e 13% dos
argentinos. Acham no entanto
que todos devem indistintamente
fazer sacrifícios 68% dos venezuelanos, 49% dos mexicanos, 34%
dos colombianos e argentinos e
apenas 29% dos brasileiros.
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