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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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PESQUISA

Latino-americanos pensam que Alca favorecerá os EUA, cujo governo atual é considerado negativo por 87% dos entrevistados

Elites da AL criticam Bush e livre comércio

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

As elites da América Latina pensam que os Estados Unidos levarão maior vantagem que os países da região em caso de adoção do livre comércio e que George W. Bush faz um mau governo.
Para 51% dos entrevistados, os EUA terão vantagem com a adoção do livre-comércio. Uma proporção bem menor, ou 39%, acha que todos sairiam ganhando, enquanto apenas 8% dizem que a vantagem seria latino-americana.
A percepção dos efeitos da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) está em pesquisa feita pelo instituto americano Zogby International Poll, sob encomenda da faculdade de administração da Universidade de Miami.
Foram ouvidas 537 pessoas de classe média alta e com capacitação em suas áreas, entre 20 de agosto e 2 de outubro. O instituto entrevistou 107 mexicanos, 103 brasileiros, 87 colombianos, 80 argentinos e igual número de venezuelanos e chilenos.
Em cada país, os entrevistados foram escolhidos em proporção igual entre empresários, universitários, profissionais de mídia e servidores públicos. A suposição de que o livre comércio beneficia os americanos é amplamente majoritária no México (76%) e no Brasil (73%). No Chile (45%) e na Argentina (48%), são em pouco maiores as respostas segundo as quais todos sairiam ganhando.
Os números são mais contundentes com relação ao governo George W. Bush. Só 12% dos entrevistados o consideram positivo. Ele foi visto como negativo por 87% da amostragem da elite.
A percepção negativa de Bush é maior no Brasil (98%) e no México (92%), e menor na Colômbia, onde é partilhada por 78%.
A pesquisa também demonstrou que a igreja é a instituição mais confiável, apontada por 30% dos entrevistados nos seis países. Vêem a seguida as Forças Armadas (26%), a mídia (20%) e, em colocações de menor relevância, a polícia (12%) e o Judiciário (11%).
A mídia desfruta de maior crédito na Venezuela (43%), com certeza em razão de seu papel de oposição ao governo. Em segundo lugar, está o Brasil (33%), seguindo-se a grande credibilidade no Chile (mesmo assim, 20%) e na Colômbia (13%). México e Argentina são os países em que a mídia tem menor credibilidade.
As duas principais instituições políticas, o Congresso e os partidos, ocupam as duas últimas posições na escala de credibilidade, com respectivamente 7% e 5%.
A credibilidade do Congresso é mais baixa na Venezuela (70% não confiam), México (48%) e Colômbia (46%). A confiança é maior no Chile e no Brasil.
Quanto aos partidos, é praticamente geral o descrédito registrado nos seis países pesquisados. A credibilidade é menor no México (1%) e maior no Chile (10%). No Brasil, os partidos têm boa credibilidade entre 9%.
Indagados sobre o que era mais importante, democracia ou desenvolvimento econômico, em 5 dos 6 países a prioridade foi para a democracia. A exceção ficou com a Venezuela, onde 46% optaram pela democracia e igual porcentagem pelo desenvolvimento. O Brasil, com 68%, foi o país em que mais entrevistados indicaram a democracia como prioritária.
Quando se trata do grau de satisfação com a democracia, o Brasil também lidera o ranking (71% se dizem satisfeitos), seguido do Chile (69%), Argentina (49%), Colômbia (42%) e México (38%). A Venezuela vai contra a corrente, em razão da polarização da sociedade por causa do presidente Hugo Chávez. Na elite, só 11% estão satisfeitos com a democracia, contra 83% dos que não estão.
Quem deve pagar mais impostos? Os mais ricos, respondem 55% dos brasileiros, 54% dos chilenos e 40% dos argentinos. Os mais ricos e a classe média, dizem 21% dos colombianos e 13% dos argentinos. Acham no entanto que todos devem indistintamente fazer sacrifícios 68% dos venezuelanos, 49% dos mexicanos, 34% dos colombianos e argentinos e apenas 29% dos brasileiros.


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