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CODE PINK
"Obama virou um candidato como os outros"
DE NOVA YORK
Nas principais eleições primárias ou nas convenções partidárias deste ano, lá estavam as
ativistas do Code Pink (código
cor-de-rosa), grupo criado em
2002 quando o governo George
W. Bush divulgava os sinais
"vermelho", "laranja" e "amarelo" para medir o risco de um
novo atentado terrorista.
Em frente à Casa Branca, cerca de cem mulheres vestiam rosa pela paz, comandadas pela
advogada Medea Benjamin.
Hoje, são 200 mil pessoas cadastradas, quase todas mulheres. Benjamin, que "odeia" a
chapa republicana, diz ter perdido o entusiasmo por Barack
Obama. Ela falou à Folha, por
telefone, de Washington.
(DANIEL BERGAMASCO)
FOLHA - Como o Code Pink vê a disputa na reta final?
MEDEA BENJAMIN - Falando por
mim, sem muito ânimo. No início achei que estava sendo muito legal ter um candidato como
Obama, que havia votado contra a Guerra do Iraque e estava
mobilizando os jovens para
participar da política. Mas ele
se mostrou um candidato igual
aos outros.
FOLHA - Por que a frustração?
BENJAMIN - Minhas desilusões
começaram quando ele começou a mostrar um discurso militar muito mais forte. Hoje em
dia já não acho que ele vai trazer os soldados de volta, que fará isso em um cronograma de
16 meses, como sempre disse.
Ele fala do Afeganistão como
guerra boa. O que é uma guerra
boa? Ele defendia negociar com
seus inimigos, mas agora é leve
nessa questão.
FOLHA - Vê as mudanças de posição como eleitoreiras?
BENJAMIN - Bem, para muitos
ele precisava ir para o centro
para ganhar a eleição. É uma
teoria, não sei se é correta, não
sei se as coisas deveriam ser assim. É decepcionante.
FOLHA - Por que o movimento Code Pink não declarou apoio a nenhum candidato?
BENJAMIN - O Code Pink não
apóia candidato porque assim
podemos colocar pressão sobre
todos. Recentemente, fizemos
uma performance em frente
aos escritórios do Obama e do
McCain [no Senado]. Deitamos
como mortos no chão. Era um
protesto sobre o pacote de resgate a Wall Street, e dizíamos
"pacote de socorro só por cima
do meu cadáver".
FOLHA - A maior parte das militantes apóia Obama, não?
BENJAMIN - Na verdade sim.
Porque elas não votarão em
McCain e Sarah Palin. Existem
várias opções de independentes, mas a maioria acaba achando que esses pequenos nunca
terão chances. Grande parte de
nossos militantes deixou os
eventos do Code Pink nas últimas semanas para fazer campanha para Obama.
FOLHA - Como vêem o destaque às
mulheres nesta campanha?
BENJAMIN - Que mulheres? Sarah Palin? Nós não nos empolgamos com Hillary Clinton por
ter apoiado a Guerra do Iraque,
uma péssima decisão. Mas ela
se arrependeu, então você deve
dar algum crédito.
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