São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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CODE PINK

"Obama virou um candidato como os outros"

DE NOVA YORK

Nas principais eleições primárias ou nas convenções partidárias deste ano, lá estavam as ativistas do Code Pink (código cor-de-rosa), grupo criado em 2002 quando o governo George W. Bush divulgava os sinais "vermelho", "laranja" e "amarelo" para medir o risco de um novo atentado terrorista. Em frente à Casa Branca, cerca de cem mulheres vestiam rosa pela paz, comandadas pela advogada Medea Benjamin. Hoje, são 200 mil pessoas cadastradas, quase todas mulheres. Benjamin, que "odeia" a chapa republicana, diz ter perdido o entusiasmo por Barack Obama. Ela falou à Folha, por telefone, de Washington.
(DANIEL BERGAMASCO)

 

FOLHA - Como o Code Pink vê a disputa na reta final?
MEDEA BENJAMIN
- Falando por mim, sem muito ânimo. No início achei que estava sendo muito legal ter um candidato como Obama, que havia votado contra a Guerra do Iraque e estava mobilizando os jovens para participar da política. Mas ele se mostrou um candidato igual aos outros.

FOLHA - Por que a frustração?
BENJAMIN
- Minhas desilusões começaram quando ele começou a mostrar um discurso militar muito mais forte. Hoje em dia já não acho que ele vai trazer os soldados de volta, que fará isso em um cronograma de 16 meses, como sempre disse. Ele fala do Afeganistão como guerra boa. O que é uma guerra boa? Ele defendia negociar com seus inimigos, mas agora é leve nessa questão.

FOLHA - Vê as mudanças de posição como eleitoreiras?
BENJAMIN
- Bem, para muitos ele precisava ir para o centro para ganhar a eleição. É uma teoria, não sei se é correta, não sei se as coisas deveriam ser assim. É decepcionante.

FOLHA - Por que o movimento Code Pink não declarou apoio a nenhum candidato?
BENJAMIN
- O Code Pink não apóia candidato porque assim podemos colocar pressão sobre todos. Recentemente, fizemos uma performance em frente aos escritórios do Obama e do McCain [no Senado]. Deitamos como mortos no chão. Era um protesto sobre o pacote de resgate a Wall Street, e dizíamos "pacote de socorro só por cima do meu cadáver".

FOLHA - A maior parte das militantes apóia Obama, não?
BENJAMIN
- Na verdade sim. Porque elas não votarão em McCain e Sarah Palin. Existem várias opções de independentes, mas a maioria acaba achando que esses pequenos nunca terão chances. Grande parte de nossos militantes deixou os eventos do Code Pink nas últimas semanas para fazer campanha para Obama.

FOLHA - Como vêem o destaque às mulheres nesta campanha?
BENJAMIN
- Que mulheres? Sarah Palin? Nós não nos empolgamos com Hillary Clinton por ter apoiado a Guerra do Iraque, uma péssima decisão. Mas ela se arrependeu, então você deve dar algum crédito.


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