São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Irmão de Karzai é pago pela CIA, afirma jornal

DO "NEW YORK TIMES"

Ahmed Wali Karzai, irmão do presidente do Afeganistão e suspeito de participação no crescente tráfico ilegal de ópio nesse país, vem sendo pago regularmente pela CIA durante boa parte dos últimos oito anos, segundo funcionários do governo americano atual e anterior.
A agência paga Ahmed por uma variedade de serviços, entre eles ajudar a recrutar uma força paramilitar afegã que atua sob a direção da CIA em Candahar, no sul do país.
Tais vínculos levantam questões importantes sobre a estratégia de guerra dos EUA, hoje sob revisão na Casa Branca.
O tema divide o governo de Barack Obama. Os críticos dizem que os laços complicam o relacionamento cada vez mais tenso dos EUA com o presidente Hamid Karzai, que vem se esforçando para elevar sua popularidade e é descrito pelo Taleban como fantoche dos EUA.
As práticas da CIA também sugerem que os EUA não fazem tudo o que podem contra o comércio de drogas afegão, grande fonte de verba do Taleban. Argumenta-se ainda que a dependência de Ahmed Wali Karzai, a figura mais poderosa na grande área do sul do Afeganistão onde o Taleban é mais forte, prejudica o desenvolvimento de um governo afegão eficaz.
"Se vamos conduzir no Afeganistão uma estratégia centrada na população e somos vistos como dando apoio a criminosos, então estamos apenas nos enfraquecendo", disse o general Mike Flynn, o mais alto oficial da inteligência militar americana no Afeganistão.
A relação de Ahmed com a CIA abrange diversas áreas, segundo funcionários. Ele ajuda a operar um grupo paramilitar, a Força de Ataque Candahar, usada contra suspeitos insurgentes. Também promove comunicações e encontros com comandantes do Taleban.
Para militares dos EUA e outros membros do governo Obama, o papel que se suspeita que Ahmed exerce no tráfico e o que descrevem como seu domínio "mafioso" do sul do país fazem dele uma força malévola.
A CIA não deu declarações.
A Casa Branca vem pressionando o presidente a afastar seu irmão do sul do Afeganistão, mas sem sucesso. Há indícios de que Ahmed tenha orquestrado fraudes para tentar reeleger seu irmão em agosto.
Ele nega. "Não conheço ninguém pelo nome de CIA", disse. "Nunca recebi dinheiro de nenhuma organização. Eu ajudo, sem dúvida. Ajudo americanos sempre que posso. É meu dever como afegão."
Um ex-membro da CIA disse que a agência recorreu a Ahmed várias vezes e que agentes secretos tinham base em imóveis dele. Quaisquer conexões que Ahmed pudesse ter com o tráfico tinham pouca importância para a CIA, cuja atenção estava voltada ao terrorismo, afirmou.


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