DA REDAÇÃO

A vitória do esquerdista Rafael Correa no Equador foi interpretada por alguns analistas políticos colombianos como um passo a mais no "isolamento" do presidente colombiano, Álvaro Uribe, na região. O conservador Uribe é o maior aliado dos Estados Unidos na América do Sul, onde a maioria dos presidentes é de centro-esquerda.
Analistas colombianos consideram que, no plano político, o governo do presidente colombiano Álvaro Uribe é o mais afetado pela vitória de Correa.
"A posição de Correa é de autonomia e independência em relação aos EUA. Uribe perdeu um aliado na região", disse à agência de notícias France Presse o cientista político Fernando Giraldo, da Universidade Javeriana.
"A eleição de Correa enfraquece a política externa de Uribe. O triunfo de Correa acentua o isolamento da Colômbia e tende a armar um bloco com mais autonomia e menos subordinado como o que o Uribe representa", diz Giraldo.

CAN em crise
Ainda há divergências sobre se a vitória do esquerdista pode acabar de vez com a Comunidade Andina das Nações (CAN), bloco formado por Colômbia, Peru, Bolívia e Equador - e o Chile como associado.
Ontem, Correa disse que a CAN foi "apunhalada" por Colômbia e Peru, que assinaram tratados de livre comércio com os EUA. Disse que respeitava as decisões "soberanas" de ambos, mas que a CAN foi "ferida de morte" pelas negociações.
O presidente eleito se mostrou irritado com declarações feitas na véspera pela ministra peruana do Comércio Exterior, Mercedes Aráoz, que lamentou que a eleição de Correa dividisse a CAN entre dois países "críticos do livre comércio" (Equador e Bolívia) e dois "mais abertos" (Colômbia e Peru). Segundo ela, isso provocaria o fracasso das negociações de comércio do bloco com a União Européia.
"Apesar de não compartilharmos a visão política do Correa, respeitamos sua eleição como resultado de um processo democrático e esperamos que o comércio entre os dois países continue vital", disse Javier Díaz, presidente da Associação Nacional de Comércio Exterior (Analdex) da Colômbia.