|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Déficit social
continua
do enviado especial
Se há um reconhecido déficit democrático no Chile,
mesmo após oito anos do
fim do ciclo autoritário, ficou igualmente um segundo déficit, o social.
É verdade que os dois governos democráticos (o de
Patrício Aylwin, de 90 a 94,
e o de Eduardo Frei, daí em
diante, ambos democrata-cristãos) fizeram um enorme esforço para reduzir a
pobreza.
A ditadura deixou 3,4 milhões de pobres (renda
mensal de até US$ 60) e 2
milhões de indigentes (renda de US$ 30 por mês). Total: 5,4 milhões ou 41,7% da
população da época.
Hoje, pobres e indigentes
são pouco mais de 25%,
ainda assim um número
elevado, em especial para
um país que manteve, na
sua estabilidade democrática pré-golpe de 73, um padrão de desigualdade social
menos agudo que o da
maioria de seus vizinhos.
Recente relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento considera
"exagerada" a brecha entre
ricos e pobres, classificação
idêntica à do Brasil, de conhecido apartheid social.
De fato, os 10% mais ricos
entre os chilenos ficam com
46% da renda nacional, deixando os 54% restantes para dividir entre a grande
maioria (90%).
A participação dos salários na renda chilena chegou a 66% em 71, primeiro
ano completo do governo
de Salvador Allende, deposto por Pinochet. Hoje, não
vai além de 40%.
Frei, indiretamente, aceitou a existência do déficit
social, ao assumir como slogan de campanha eleitoral
"crescimento com equidade". Crescimento houve,
com Aylwin antes e com
Frei agora: a média anual
dos oito anos de democracia foi de quase 8%.
Equidade nem tanto. Pior:
a crise internacional e problemas estruturais da economia chilena provocaram
uma forte desaceleração da
atividade econômica. O
crescimento previsto para
este ano não irá além de
4,8%. É muito, se comparado com o magro desempenho previsto para o Brasil.
Mas é pouco para o padrão
chileno e para ajudar a reduzir o déficit social.
(CR)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|