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Governo teme que a crise estenda-se à economia
do enviado especial
A crise financeira internacional e
seus desdobramentos fizeram
mais dano à economia chilena que
os problemas políticos decorrentes da detenção em Londres do general Augusto Pinochet.
Mas o ministro da Fazenda chileno, Eduardo Aninat, avisa que essa
situação só se manterá se a questão
Pinochet se resolver em "tempo
moderado".
"Se se prolongar, haverá um custo econômico a pagar", diz o ministro, na forma da retração dos
investidores estrangeiros.
Até agora, a retração foi apenas
dos investidores em papéis. Os investimentos diretos (na produção
de bens e/ou serviços) até aumentaram, calcula o Banco Central.
Há, na equipe econômica do governo, quem seja até mais pessimista que Aninat. A Folha ouviu a
avaliação de que, se o caso Pinochet se prolongar, "será absolutamente desestabilizador tanto na
política como na economia".
Na oposição, a expectativa é a de
que o quadro econômico será suficiente para provocar efeitos desestabilizadores mesmo sem o cruzamento com a crise política provocado pelo episódio Pinochet.
"Vem por aí uma situação econômica delicada e isso derruba os
ânimos. Quando as pessoas não
têm trabalho, tendem à polarização. Os próximos anos não serão
fáceis", diz, por exemplo, a senadora pinochetista Evelyn Matthei,
mulher do general Fernando Matthei, que foi o último comandante
da Força Aérea no regime militar.
O desemprego de fato está crescendo: subiu em outubro para
6,9% da força de trabalho, um
crescimento de quase 10% sobre os
índices do ano passado.
E só tende a crescer mais, porque
a economia está se desacelerando.
Em 1997, o Chile cresceu 7,1%, um
índice asiático (dos bons tempos),
mas, este ano, não chegará a 5%.
Para 99, o Orçamento elaborado
em setembro previa um crescimento menor ainda (3,8%), mas o
próprio Banco Central admite que
esse índice se tornou algo otimista
em face da conjuntura internacional adversa.
O Chile tem na Ásia um de seus
principais mercados, no qual desovou 37% de suas exportações em
97. Com a crise naquela área, as
vendas para o mercado asiático se
reduziram, este ano, até outubro,
em 36% em comparação com janeiro/outubro do ano anterior.
²
Ânimo afetado
É natural que o ânimo dos chilenos se veja afetado, até porque "as
pessoas davam como certo que a
economia cresceria para sempre
7% ou 8% ao ano", como diz o senador democrata-cristão Alejandro Foxley, ex-ministro de Finanças chileno.
O caso Pinochet só acrescenta
más notícias a um cenário já menos positivo.
Mas, até agora, não afetou os
mercados financeiros: o dólar, por
exemplo, habitual refúgio para
momentos de turbulência, fechou
sexta-feira apenas 45 centavos de
peso mais caro, menos de 0,1% acima da abertura de quarta-feira, o
dia em que Pinochet perdeu na Câmara dos Lordes.
(CR)
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