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INTERNET
Sites também articulam esforços de assistência às vítimas; para veterano da mídia online, ainda falta confiança
Blogs viram fonte instantânea de detalhes da tragédia
JOHN SCHWARTZ
DO "NEW YORK TIMES"
Para informações vívidas sobre a enorme zona de desastre
causada pelo tsunami, os blogs
são uma fonte difícil de superar.
A chamada "blogosfera", com
seus diários pessoais publicados
na Web, se tornou mais conhecida como fórum para discussões
políticas virulentas e críticas à
mídia. Mas a tecnologia oferece
uma mídia imediatamente disponível para obter notícias instantâneas sobre o desastre causado pelo tsunami, e para organizar os esforços de assistência.
Podemos começar pela foto de
um barco azul brilhante esmagado contra uma palmeira a beira-mar, em Jaffna, no Sri Lanka, em
www.thiswayplease.com/extra.html. "Todas as casas e barcos
de pesca foram destruídos, toda a
extensão da costa leste", escreveu
Fred Robart, que tirou e postou a
foto. "Pessoas que conhecem e
respeitam o mar agora falam dele
em tom de choque, desespero e
medo".
No sumankumar.com, Nanda
Kishore, um dos responsáveis
pelos posts, ofereceu fotos e comentários, de Chennai, Índia.
"Homens e mulheres, velhos e
crianças, todos correndo para
salvar suas vidas. Foi uma cena
horrível de se contemplar. Os
trabalhadores das equipes de assistência não conseguiam cuidar
dos mortos e dos vivos que iam
encontrando. Os mortos foram
abandonados onde caíram, e
pessoas meio vivas, meio mortas
foram carregadas para locais
mais seguros".
Os posts de Kishore incluem a
foto de um cadáver em uma calçada, com um búfalo caminhando ao lado. "A imagem parece
profética agora", escreveu, "porque de acordo com a mitologia
hindu, Lorde Yama [o deus da
morte] cavalga um búfalo".
Os responsáveis por blogs que
vivem na região são afetados pelos acontecimentos de maneira
mais profunda que os jornalistas,
os quais se transferem de um desastre para o próximo, disse Xeni
Jardin, uma dos co-editores do
BoingBoing.net, que conduz seus
visitantes a muitos dos blogs que
tomaram o desastre por tema.
"Eles estão nos ajudando a
compreender o impacto desse
evento de forma que nenhuma
outra mídia poderia", afirma Jardin.
Isso faz dos blogs uma leitura
atraente e no momento essencial,
diz Siva Vaidhyanathan, professor-assistente de cultura e comunicação na Universidade de Nova York, ele mesmo responsável
por um blog. Tão logo foi informado sobre o desastre, "comecei
a recorrer aos blogs", disse.
"A idéia de que agora dispomos de olhos e ouvidos em todo
o mundo é mais que algo a que
nos acostumamos: tornou-se algo que exigimos", disse.
Os blogueiros da worldchanging.com, alguns dos quais vivem nos países atingidos, começaram a postar a respeito do desastre assim que as ondas atingiram a costa, e logo passaram a
discutir maneiras de ajudar.
Blogueiros do sul da Ásia criaram o tsunamihelp.blogspot.com, para direcionar os interessados a sites de organizações
assistenciais. "Não tinha visto esse nível de envolvimento, tanta
gente dizendo que era possível
fazer alguma coisa para ajudar,
para promover a união", disse
Alex Steffen, de Seattle, que edita
a worldchanging.com. "É comovente, e inspirador".
Veterano da mídia online, Paul
Saffo, diretor do Instituto for the
Future, na Califórnia, disse, porém, que estava "um pouco decepcionado" com as informações providas pelos blogs. Saffo
disse que, com o uso generalizado de câmeras digitais e acesso
de banda larga, esperava ver mais
vídeos da do desastre, e mais
análise.
Os blogs que tratam do tsunami são "mais crus e mais imediatos", mas os posts ainda não oferecem o nível de confiança de
que a mídia mais estabelecida
desfruta. "Não existe ombudsman na blogosfera. Uma coisa
não substituirá a outra, e as duas
conviverão, o que é bom para
ambas."
Tradução de Paulo Migliacci
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