São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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TRAGÉDIA NA ÁSIA

Lys Amayo de Benedek D"Avola, 48, e seu filho Gianluca, 10, morreram no maremoto na Tailândia; marido ainda não foi achado

Confirmada morte de diplomata brasileira

DA SUCURSAL DO RIO

A morte da diplomata Lys Amayo de Benedek D'Avola, 48, e de seu filho Gianluca, 10, vítimas do maremoto de domingo no sudeste da Ásia, foram confirmadas ontem pelo governo brasileiro. Lys era conselheira da embaixada brasileira em Bancoc (Tailândia).
Apesar de constarem da lista de mortos do governo tailandês desde anteontem, a morte foi atestada pelo Itamaraty apenas na madrugada de ontem, após o reconhecimento dos corpos.
Um telefonema dado no início da manhã de ontem pelo embaixador brasileiro na Tailândia, Marco Antônio Diniz Brandão, acabou com as últimas esperanças da atriz Theresa Amayo de rever filha e neto vivos. Ela embarcaria ontem à noite para Bancoc para buscar Thais, 20, a neta que sobreviveu à tragédia, e os corpos de Lys e Gianluca.
"Deus deixou minha neta e eu quero muito revê-la. Estou preocupada porque ela está sozinha em Bancoc", disse Theresa, que viajará sozinha com uma passagem oferecida pelo Ministério das Relações Exteriores. "Apesar de tudo, ainda estou lúcida e posso ir sozinha", afirmou ela, que mora em Laranjeiras (zona sul do Rio).
Theresa também está preocupada com Antonio D'Avola, marido de Lys. Há informações de que ele está internado, mas as embaixadas brasileira e italiana ainda não o localizaram. Encontrar D'Avola é importante também para decidir se o corpo de Gianluca será transferido para o Brasil junto com o da mãe.
"Convivi muito com esse menino, corri o mundo atrás dele...", disse Theresa, não contendo o choro. A última vez em que viu filha e neto foi em maio, quando eles estiveram no Brasil. Mas ela chegou a ir à Tailândia visitá-los.
Thais estuda economia em Milão, na Itália. Ela se encontrou com mãe, irmão e padrasto para um período de férias na ilha de Phi Phi. No domingo, quando os três saíram para passear, Thais preferiu ficar no hotel dormindo. Segundo contou à avó, pouco depois ouviu um grande estrondo.
"Tudo aconteceu logo depois de eles terem saído do hotel. Eles estavam na rua, não no mar", disse Theresa, descartando a hipótese de que os três estivessem passeando de barco.
Andando pela região de Phuket, onde fica a ilha, Thais localizou o padrinho de Gianluca, um italiano muito amigo de D'Avola e Lys que estava viajando com eles. Ele está internado em coma. Sua mulher está desaparecida e o filho do casal, encontrado com vida, já foi enviado para Roma pela embaixada italiana.
"Segundo Thais, o cenário é de absoluto horror, com mortos e feridos nas ruas. Mas as pessoas todas estão ajudando, a solidariedade do mundo está lá", disse Theresa, contando que sua neta também participou do trabalho de auxílio aos feridos. "Dentro do possível, ela está bem. É uma menina muito amadurecida."
A atriz -que participou da novela "Senhora do Destino" como Marlene, secretária do personagem Thomas Jefferson (Mário Frias)- confirmou que Lys pretendia voltar em março para o Brasil com a família.
Segundo a família, Lys mostrava interesse pela diplomacia desde pequena. Aprendeu sete idiomas. No Rio, estudou nos colégios Brasileiro de Almeida e Liceu Francês. Fez prova aos 23 anos para o Instituto Rio Branco.
"Ela sempre foi muito estudiosa. Nós sempre soubemos que ela ia seguir carreira", disse a radialista Daisy Lucidi, antiga amiga da família. Lys serviu em Roma, onde conheceu Antonio D'Avola, e em Tóquio, onde viveu sete anos.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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