São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

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Desordem gera saques e reaparição do mercado de armas; naufrágio mata 17

DA REDAÇÃO

Milicianos leais aos chefes de clãs reapareceram ontem uniformizados pelas ruas de Mogadício. Segundo a agência Reuters, eles lembram os períodos de saques e de caos.
"A incerteza está no ar, e meu medo é que a cidade mergulhe novamente na anarquia", disse Muktar Adbi, um morador da cidade. Um outro, Abdullahi Adow, disse ter presenciado três homens e uma mulher serem mortos durante uma operação de saque.
Ao longe, disparos de metralhadora; pelas ruas, pessoas carregando mercadorias saqueadas de um mercado.
A cidade com seus 2 milhões de habitantes estava inundada por boatos. Um deles dizia que os tribunais islâmicos haviam apenas caído com seus arsenais na clandestinidade e tentariam reassumir o controle.
Ao largo, afastavam-se pelo mar dezenas de botes carregados de refugiados. Na quarta-feira pelo menos 17 se afogaram e 140 estavam desaparecidos depois que embarcações naufragaram no litoral do Iêmen, segundo o Alto Comissariado de Refugiados da ONU. Houve tiroteio entre os ocupantes dos barcos e militares iemenitas.
Em Mogadício, poucos permaneciam em suas casas. Rukia Shekeye era um deles. Ele afirmou estar "satisfeitíssimo" com o fim do poder islâmico, porque, segundo ele, em nome da religião todos procuravam apenas enriquecer.
Outro cidadão, Abdi Hassan, disse que seu plano imediato era "comprar algumas metralhadoras" para proteger seus familiares.
O indício de que os arsenais islâmicos estavam sendo saqueados era dado por uma mulher já idosa, com uma metralhadora sobre os ombros. Ela estava vendendo a arma.
Há pouco mais de seis meses os Tribunais Islâmicos tinham certa popularidade. Mas fecharam os cinemas e proibiram que se assistisse à televisão. E ainda proibiram o "qat", folha de mascar com efeitos tranqüilizantes.


Com agências internacionais


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