São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

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opinião

Negociação abrangente é única solução

DO "NEW YORK TIMES"

É tentador ser condescendente com a ofensiva que a Etiópia está conduzindo contra a Somália. O ataque causou a derrota de uma milícia islâmica que vinha desafiando as Nações Unidas e, de acordo com Washington, oferecia guarida a terroristas internacionais. O governo Bush não demorou a sucumbir a essa tentação, e aprovou os ataques da Etiópia.
Mas essa espécie de ataque preventivo unilateral raramente resolve alguma coisa, em especial quando o país responsável pela invasão é visto como inimigo há muito tempo.
A situação da Somália é precária -um regime fraco de transição formado por um aglomerado de líderes regionais de clãs e facções militares, aos quais se opõem islâmicos radicais que controlam milícias próprias.
Para deter o avanço desse movimento, as forças armadas da Etiópia cruzaram uma fronteira internacional e derrotaram os grupos islâmicos, que em larga medida desapareceram do cenário público.
Mas embora as forças moderadas da Somália rejeitem os líderes islâmicos, não é provável que elas aceitem os soldados etíopes. Etiópia e Somália são rivais há muito tempo, e foram à guerra no final dos anos 70 devido a disputas territoriais.
Os EUA desperdiçaram sua influência na Somália ao oferecerem apoio a alguns líderes militares especialmente repulsivos, com o objetivo de conter os avanços dos islâmicos radicais.
Mas Washington deveria usar o poder que ainda tem de influenciar a Etiópia para pressionar por uma rápida cessação das hostilidades, a fim de impedir que o conflito se espalhe pela região. O caos resultante criaria uma crise de refugiados e abriria novo pólo de recrutamento de terroristas.
A comunidade internacional deveria tentar aproveitar o momento e pressionar por negociações em torno da unidade nacional, enquanto o poderio islâmico está em baixa e o governo provisório conquistou posição de maior paridade com relação aos seus rivais.


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