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análise
Tensão cresce na região desde eleição nos EUA
TOBIAS BUCK
DO "FINANCIAL TIMES"
O ataque israelense à faixa
de Gaza é a mais recente reviravolta sangrenta num ciclo de violência iniciado quase dois meses antes.
No início de novembro, Israel e o Hamas ingressavam
no quinto mês de um cessar-fogo mediado pelo Egito que
deveria vigorar até 19 de dezembro. A maioria das autoridades e dos analistas em
Gaza e Israel previa uma extensão da trégua e talvez a inclusão da Cisjordânia.
Os dois lados se queixaram
de que seu adversário violou
os termos do acordo. O Hamas pedia a abertura dos
postos de travessia da fronteira para permitir a entrada
de alimentos, combustíveis e
outros bens, e Israel lamentava os disparos esporádicos
de foguetes e morteiros vindos de Gaza. Mas, para o 1,5
milhão de palestinos da faixa
de Gaza e as centenas de milhares de israelenses das cidades vizinhas, até essa calma instável representava um
alívio bem-vindo da violência aguda na qual a região
mergulhara no início do ano.
Na noite de 4 de novembro, porém, quando Barack
Obama celebrava sua vitória
na eleição presidencial americana, Israel lançou uma
operação em Gaza para destruir um túnel escavado por
militantes do Hamas alegando que este era usado para o
seqüestro de israelenses.
A incursão resultou na
morte de seis militantes do
Hamas, desencadeando uma
resposta furiosa do grupo e
uma saraivada de foguetes
disparados a partir da faixa
de Gaza. Ela marcou o início
de uma escalada de ataques
que em pouco tempo jogaram por terra quaisquer esperanças de alongar a trégua.
Tanto o Hamas quanto Israel declararam repetidamente seu interesse em devolver a calma à região da
fronteira, mas a realidade em
campo sugeriu que nenhum
dos lados estava disposto a limitar sua ação por um período mais longo. O grupo islâmico -e grupos humanitários internacionais- também estava revoltado com a
decisão de Israel de intensificar o bloqueio econômico a
Gaza, que não demorou a
provocar grave escassez de
suprimentos essenciais.
Poucos dias antes do término do cessar-fogo, o Hamas acabou por declarar que
não iria renová-lo. Na semana passada, o grupo e outros
militantes sediados na faixa
de Gaza dispararam um volume incomumente grande
de foguetes e morteiros contra Israel, apesar de avisos
repetidos do governo israelense de que uma ofensiva
era uma questão de tempo.
Em Israel, enquanto isso, a
questão de como lidar com o
Hamas e a ameaça representada pelos militantes na faixa
de Gaza começara a emergir
como tema dominante da
campanha para as eleições
gerais de 10 de fevereiro.
Binyamin Netanyahu, o líder
do partido oposicionista de
direita Likud, junto com
muitos outros políticos dentro e fora do governo, pediu
uma ação militar decisiva. A
chanceler e líder do partido
governista Kadima, Tzipi
Livni, reiterou seus chamados, aumentando a pressão
sobre Ehud Olmert, o premiê
em final de mandato, e Ehud
Barak, o ministro da Defesa e
líder do Partido Trabalhista,
de centro-esquerda.
Ambos vinham defendendo uma atitude moderada,
avisando que o momento para uma ofensiva militar ainda não chegara. No sábado,
porém, com bombas caindo
por toda parte na faixa de Gaza, Barak declarou: "Há um
momento para a calma e um
momento para a luta, e este é
o momento de lutar".
Tradução de CLARA ALLAIN
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