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GUERRA SEM LIMITES
Garotos de 13 a 15 anos eram supostos terroristas que foram presos no Afeganistão; ONU critica abusos
EUA soltam 3 adolescentes de Guantánamo
DA REDAÇÃO
O Pentágono anunciou ontem
ter libertado três adolescentes,
com idade de 13 a 15 anos, que estavam detidos por suspeita de terrorismo na base norte-americana
de Guantánamo, encrave no litoral cubano. Cerca de 650 prisioneiros transportados do Afeganistão são ali mantidos há dois
anos, sem indiciamento formal
ou perspectiva de julgamento.
Os informantes militares não
revelaram a identidade dos menores. Afirmaram, segundo a
agência de notícias Associated
Press, que eles "não mais representavam uma ameaça para os
EUA" e que foram repatriados para seu país de origem.
A decisão de libertar os três
coincidiu com críticas feitas ontem, em Bruxelas, à administração de George W. Bush pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Sem mencionar nominalmente os Estados Unidos, ele disse que "os direitos humanos devem ser respeitados na guerra ao
terrorismo", caso os países envolvidos no esforço não queiram favorecer as organizações que estão
procurando desmobilizar.
"Em nossa luta contra o terrorismo, precisamos respeitar cuidadosamente os direitos legais, civis e humanos dos acusados", disse o secretário-geral.
Ele discursou ao receber o prêmio Sakharov, do Parlamento Europeu, em homenagem às vítimas
do atentado de agosto último em
Bagdá, que também matou o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Este
chefiava o escritório da organização internacional no Iraque.
A prisão de Guantánamo abriga
suspeitos de ligação com o terrorismo islâmico ou com o regime
deposto do Afeganistão, que abrigava bases de treinamento da Al
Qaeda, a rede terrorista responsável pelo 11 de Setembro.
O Comitê Internacional da Cruz
Vermelha e entidades de direitos
humanos, como a Human Rights
Watch e a Anistia Internacional,
têm sistematicamente condenado
a situação de extraterritorialidade
que impede que os prisioneiros
tenham direito ao amparo legal.
Já foram libertados 87 dos supostos terroristas. Os três adolescentes cuja libertação foi agora
anunciada já haviam sido mencionados em declarações do comandante norte-americano de
Guantánamo, para quem eles recebiam um tratamento diferenciado e podiam até jogar futebol.
Ainda ontem, em Washington,
a Corte Suprema acatou provisoriamente o pedido do governo federal de impedir que instâncias
federais inferiores continuassem
a acatar representações de defensores de direitos humanos, que
contestam o fato de os prisioneiros de Guantánamo não poderem
ser assistidos por advogados.
A ministra Sandra Day O"Connor tornou assim sem efeito a decisão do 9º Tribunal de Recursos
de San Francisco, segundo a qual
os presos tinham o direito de ser
visitados por advogados destacados para sua defesa.
Com agências internacionais
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