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REINO UNIDO
Premiê resiste a tirar licença-paternidade, depois de aprovar lei sobre o tema e estimular outros a fazê-lo
Gravidez da mulher embaraça Blair
WARREN HOGE
do "The New York Times", em Londres
O premiê Tony Blair passou
quase três anos no cargo dizendo
aos britânicos que eles precisam
livrar-se de suas tradições superadas e acompanhar os novos tempos. Agora sua mulher lhe está dizendo que não há melhor lugar
para lançar a revolução do que a
sua própria casa.
Cherie Blair, 45, está grávida de
sete meses. Será o quarto filho do
casal. Na semana passada ela declarou que espera que Blair, 46,
aproveite pelo menos parte da licença-paternidade que seu governo acaba de aprovar.
Apressando-se a fechar a saída
que a grande importância do cargo de premiê poderia proporcionar ao marido, Cherie observou,
em tom de admiração, que o premiê da Finlândia, Pavvo Lipponen, 57, deixou o governo de lado
no início do mês para passar uma
semana em casa ao lado de sua filha recém-nascida.
"É claro que quero tirar algum
tempo para ficar com o bebê
quando ele ou ela nascer, mas,
francamente, não sei o que fazer",
disse Blair em entrevista à rádio,
soando mais como um personagem confuso e distraído de Hugh
Grant do que como o resoluto
premiê britânico. Em seguida,
deixou o assunto de lado com
uma referência em tom de brincadeira à solução "blairiana" para
todos os outros males: "Vou ter
que encontrar uma terceira via".
É difícil imaginar que essa via
possa conduzir a qualquer outro
lugar senão o quarto do bebê, tão
grande é a pressão. "Tony Blair
tem a sua frente uma oportunidade única de liderar com seu exemplo, de mostrar que os pais têm
um papel crucial a cumprir na vida de seus filhos desde o nascimento", disse Julie Mellor, presidente da Comissão por Direitos
Iguais. Mary Newburn, da Fundação Nacional do Parto, foi mais
direta, deixando implícito que, se
não fizer bom uso dessa oportunidade, Blair será visto em todo o
país como alguém que fugiu da
raia: "O que Tony Blair fizer
quando seu filho nascer será um
sinal muito contundente enviado
a outros homens".
A deputada trabalhista (como o
premiê) Fiona Mactaggert, opinou: "É claro que ele terá que tirar
algum tempo de licença, embora
eu desconfie que o fará com constrangimento".
Pode servir de ajuda o fato de
Blair residir no andar de cima de
seu local de trabalho. Sua administração é muito sensível às pesquisas de opinião, e elas indicam
que a decisão de tirar algum tempo para ficar em casa seria especialmente bem vista entre as mulheres. Há mais mulheres do que
nunca nas fileiras trabalhistas, e o
partido quer conservar sua popularidade entre as mulheres, que,
em 97, foram às urnas em número
recorde para votar em Blair.
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