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Rússia veta na ONU condenação ao Irã
Texto mais duro no Conselho de Segurança recriminando detenção de militares britânicos foi suavizado por iniciativa de Moscou
Libertação da única mulher
entre os presos é adiada por Teerã; marinheira, em nova carta, pede ao Parlamento o fim da ocupação do Iraque
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O Conselho de Segurança das
Nações Unidas expressou ontem "grave preocupação" com a
prisão de 15 militares britânicos pelo Irã há uma semana,
quando patrulhavam as águas
do golfo Pérsico. O texto proposto pelo Reino Unido, muito
mais duro, foi suavizado por
iniciativa da Rússia.
Foram retirados do texto original o trecho que "deplorava" a
atitude do Irã e a alegação britânica de que os marinheiros
estavam em águas iraquianas
ao serem presos. O comunicado
de imprensa, mecanismo diplomático de mais baixo nível à
disposição do CS, causou imediato repúdio do Irã, que defendeu uma solução "bilateral".
O comunicado da ONU foi
feito após o Irã voltar atrás na
decisão de libertar Faye Turney, a única mulher do grupo,
conforme havia sido prometido
anteontem. O governo iraniano
afirmou ter adiado a libertação
de Turney devido à "atitude incorreta" do Reino Unido.
O Irã contesta as alegações
britânicas de que os militares
estariam em águas iraquianas
quando foram presos. Anteontem, a TV iraniana Al Alam
mostrou um depoimento e
uma carta de Turney nos quais
ela afirmava que seu grupo invadira as águas iranianas.
A polêmica exibição de Turney pela TV iraniana, criticada
pelo governo britânico, ganhou
novo lance ontem com a divulgação, pela embaixada iraniana
em Londres, do que seria uma
segunda carta da militar.
Endereçada aos "representantes da Câmara dos Comuns"
britânica, a carta repete as alegações de que os 15 militares teriam invadido as águas iranianas e pede ainda o fim da ocupação do Iraque.
"Não é o momento de começarmos a retirar nossas forças
do Iraque e deixá-los determinar seu próprio futuro?", diz
Turney na carta, cuja autenticidade não foi comprovada.
A chanceler britânica, Margaret Beckett, afirmou que o
uso de Turney como arma de
propaganda era "ultrajante e
cruel" e novamente expressou
temor sobre coerções que os
presos possam estar sofrendo.
"Não vimos essa carta, mas
temos sérias preocupações sobre as circunstâncias em que
ela foi preparada e enviada."
O premiê Tony Blair também
se manifestou sobre a exibição
dos presos britânicos ontem,
afirmando que ela foi "uma
desgraça", além de ilegal.
"É uma desgraça que pessoas
sejam usadas dessa maneira.
Isso contraria todas as leis e
convenções internacionais e
não vai fazer nenhuma diferença para nós", disse Blair.
Pouco antes da divulgação do
comunicado de ontem na ONU,
a Rússia expressou preocupação com a situação na região.
O ministro do Exterior russo,
Sergei Lavrov, lembrou que a
tensão no golfo Pérsico vem se
agravando desde que o Conselho de Segurança da ONU decidiu, no último sábado, impor
sanções ao Irã por causa de seu
programa nuclear. "O golfo
Pérsico está hoje em tal agitação que qualquer ação na região, especialmente envolvendo forças militares, deve levar
em conta a necessidade de não
agravar mais a situação."
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