São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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AULA PRÁTICA

Ato contra o extremista foi o primeiro na capital depois do fim de férias escolares

Marcha estudantil contra candidato em Paris reúne 40 mil

DA REDAÇÃO

Pelo menos 40 mil estudantes participaram ontem de uma manifestação em Paris contra o candidato da extrema direita à eleição presidencial, Jean-Marie Le Pen. Os estudantes marcharam pelo centro de Paris por cerca de duas horas, na primeira grande manifestação estudantil em Paris após duas semanas de férias escolares.
Dezenas de policiais acompanharam a passeata, que terminou sem incidentes. Segundo os organizadores, havia 80 mil pessoas na manifestação. Para a polícia, havia a metade.
Para amanhã, os organizadores de uma grande manifestação anti-Le Pen esperam uma participação ainda maior entre os 500 mil estudantes universitários e 400 mil secundários de Paris. Na quinta passada, cerca de 330 mil jovens se manifestaram contra Le Pen em todo o país.
Durante a manifestação de ontem, adolescentes jovens demais para votar atribuíram aos adultos a responsabilidade sobre a realização do segundo turno com a presença de Le Pen.
"Não consigo compreender por que as pessoas que têm idade para votar não foram votar. Eu espero que eles tomem consciência no segundo turno", afirmou Yael Flauders, 16.
"É repugnante. Mas os protestos têm mostrado que os jovens franceses não toleram o racismo. Acho que nós aprendemos a lição de que é essencial votar", disse ela, em meio aos gritos de "Não ao fascismo".
"Os jovens estão aqui para dizer que não querem o perigo de Le Pen, que é antidemocrático, anti-social e xenófobo", afirmou Eugénie Ravon, presidente da FIDL, associação estudantil co-organizadora da manifestação.

Maio de 68
A onda de protestos espontâneos que tomou conta da França desde a votação de 21 de abril, com a presença de até 350 mil pessoas, vem gerando comparações com as manifestações estudantis de maio de 1968 contra o governo. Pesquisas e meios de comunicação vêm mostrando uma explosão nas solicitações para votar por procuração e nas filiações aos partidos.
"Após ver a ascensão da Frente Nacional [partido de Le Pen", nossa geração sempre vai lembrar que a política é importante", disse Amanda Tishit, 15. "Ninguém vai poder acusar os jovens franceses de apáticos outra vez."
A Universidade de Paris (Sorbonne) fez ontem um pedido público aos seus estudantes e funcionários para votar em Chirac para "proteger os valores democráticos".


Com agências internacionais

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