DA REPORTAGEM LOCAL

"Iluminados Pelo Fogo" começa com uma tentativa de suicídio, na Argentina, nos dias de hoje. Vargas (Pablo Ribba), um homem de 40 anos que combateu na Guerra das Malvinas quando tinha 18, está internado após tentar pôr fim à sua vida. No hospital, recebe a visita de Esteban (Gaston Pauls), colega de trincheira que, assim como ele, não consegue tirar da cabeça a memória dos dias que ambos passaram lá.
Inspirado nas memórias do ex-combatente Edgardo Esteban, o filme será exibido em São Paulo, no Memorial da América Latina, no dia 25 de maio, com a presença do diretor Tristán Bauer. No segundo semestre, entra em cartaz no circuito comercial.
O tema dos suicídios dos ex-combatentes está no foco de "Iluminados". "O fato de que isso siga acontecendo mostra o quão latente é o tema das Malvinas para os argentinos", disse Bauer em entrevista à Folha, de Buenos Aires.
Até há pouco, o diretor trabalhara só com documentários. "Minha pesquisa foi a mesma, mas achei melhor ficcionalizar para expôr um determinado ponto de vista, o do combatente."
De fato, "Iluminados" é unilateral. O espectador é levado diretamente aos buracos nos campos da ilha em que os soldados se protegiam do frio enquanto aguardavam os ataques britânicos. Com os sentidos atrapalhados pela fome e pelo frio, soa-lhes ainda mais delirante o discurso dos capitães, que diziam que os ingleses chegariam "cansados" da viagem e que, por isso, não teriam chances de vencer o Exército argentino.
"Tentamos mostrar como aquelas palavras soavam irreais para eles. Diziam-lhes que seriam heróis, mas aqueles rapazes estavam isolados", diz Bauer.
O diretor defende que as ilhas voltem a fazer parte do território argentino. "Devemos pedir as ilhas, mas o resto da América Latina também precisa se interessar." (SC e RJL)


Texto Anterior: "A história passou por cima de mim"
Próximo Texto: Argentina: É alienação reacender debate sobre Malvinas, diz britânico
Índice