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"EIXO DO MAL"
Para Teerã, o Conselho de Segurança tem de devolver o caso à AIEA
Sob pressão, Irã sugere a
volta da inspeção da ONU
DA ASSOCIATED PRESS
Em uma aparente oferta para
evitar que seu programa nuclear
seja motivo para que o Conselho
de Segurança da ONU adote sanções contra o país, o Irã se disse
ontem disposto a permitir o retorno de inspetores da Agência
Internacional de Energia Atômica
-mas declarou que o enriquecimento de urânio vai continuar.
"Se o caso voltar à AIEA, estamos prontos a aceitar inspeções
intrusivas", disse Mohammed
Saeedi, o vice-chefe do programa
nuclear iraniano.
Mohamed El Baradei, o chefe da
AIEA, confirmou anteontem que
o Irã teve sucesso na produção de
urânio enriquecido e que desafiou
o ultimato do Conselho de Segurança para que interrompesse essa atividade. A informação ampliou a possibilidade de punição
diplomática ao Irã e elevou o risco
de uma ação armada.
Além de manter a intransigência em relação ao enriquecimento
de urânio, Saeedi disse que o Irã
está procurando ampliar sua capacidade tecnológica na área.
Os cientistas do país estão estudando centrífugas mais avançadas do que aquelas cuja pesquisa
o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciara no início do mês.
O equipamento mais sofisticado
acelera o processo de enriquecimento. "Nossos esforços estão direcionados ao uso de máquinas
mais avançadas, como na Alemanha, na Holanda, no Japão e no
Brasil", disse Saeedi.
O relatório da AIEA provocou
reações imediatas. O presidente
dos EUA, George W. Bush, disse
que o mundo está preocupado
"não só com o desejo do Irã de ter
uma arma nuclear mas também
com sua capacidade de fazer uma
arma nuclear".
Bush disse que não se sentiu desencorajado pelo desafio iraniano
à pressão internacional: "Acho
que as opções diplomáticas estão
apenas começando".
O documento apresentado por
El Baradei deve deflagrar um debate intenso no Conselho de Segurança, quando os chanceleres
dos cinco membros permanentes
(EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) mais o representante
da Alemanha se reunirem em Nova York no próximo dia 9.
França e Reino Unido se uniram
aos EUA no apoio a uma ação
enérgica contra o Irã, enquanto
Rússia e China querem que a
AIEA tome a frente na discussão
de uma solução diplomática.
O vice-embaixador da Rússia na
ONU, Konstantin Dolgov, disse à
agência russa Itar-Tass que "as
sanções não são o caminho para
resolver o problema iraniano, ao
menos no estágio atual, tendo em
vista as informações disponíveis".
Ontem, o governo iraniano reiterou que "não responde bem à
pressão". O embaixador do país
na ONU, Javid Zarif, afirmou que
o Irã está buscando um caminho
para solucionar a crise. "Há uma
variedade de possibilidades para
encontrar uma saída, se partirmos da premissa de que o Irã tem
o direito [de ter energia nuclear] e
que o Irã não deve desenvolver armas nucleares", afirmou Zarif à
rádio britânica BBC.
O Irã vetou as inspeções intrusivas a seus complexos nucleares
em fevereiro, depois que seu programa foi levado ao Conselho de
Segurança, devido ao fato de que
muitos países ocidentais suspeitam que Teerã esteja desenvolvendo armas nucleares.
O governo iraniano diz que seu
programa é para fins pacíficos.
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