São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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Greve em estatal de cobre ofusca melhora na aprovação de Bachelet

Chilena perdeu maioria no Congresso e tenta frear debate sobre sua sucessão

DA REDAÇÃO

Quando as pesquisas de opinião mostram que, após um 2007 de agruras, a aprovação do governo chileno melhorou, a presidente Michelle Bachelet tem dificuldades para comemorar plenamente, acossada por uma greve na principal empresa do país, a estatal de cobre Codelco, cujos trabalhadores terceirizados completam hoje o 15º dia de paralisação.
O governo se esforça para se descolar do conflito e diz que a negociação deve ser feita com as empresas contratadas pela Codelco, que subcontratam cerca de 12 mil trabalhadores.
Os terceirizados dizem que a greve é uma resposta ao não-cumprimento dos acordos fechados em 2007, que incluíam aumento salarial, com base na alta do preço do cobre, e plano para absorvê-los nos quadros da empresa -os trabalhadores querem 5.000 postos, a estatal planeja 1.500 vagas.
Duas minas já haviam deixado de funcionar. Na madrugada de ontem, a segunda maior mina da empresa, a maior produtora de cobre do mundo, parou.
O sindicato dos trabalhadores regulares do local diz não haver segurança para chegar a ela -nos últimos dias, terceirizados bloquearam acessos e lançaram pedras sobre ônibus, ferindo ao menos um.
A empresa diz que já são 19 mil toneladas de cobre a menos produzidas e perdas de US$ 100 milhões. A Codelco reportou ontem lucro recorde no primeiro trimestre (US$ 2,023 bilhões) -suas divisas engordam o caixa do governo e financiam, por lei, as Forças Armadas.
"Há aqui uma controvérsia legítima", disse ontem sobre a greve o ministro do Trabalho, Osvaldo Andrade, enquanto membros da coalizão de Bachelet defendem, contrários ao governo, que a Codelco participe das negociações.
À dor de cabeça da vez para Bachelet se juntou uma "greve de advertência" de um dia dos servidores da saúde ontem. Em Concepción, uma marcha reuniu mil pessoas e foi dissolvida pela polícia, que prendeu 14 manifestantes. Os funcionários prometem greve geral caso o governo não apresente plano para a área em 15 dias.

Sucessão à vista
Com um gabinete reformado em janeiro e ajustes no Transantiago, o sistema de ônibus da capital cuja estréia caótica derrubou sua aprovação em 2007, Bachelet tenta levar adiante reformas na educação e na saúde nos dois anos que lhe restam (seu mandato é mais curto do que o do antecessor, Ricardo Lagos, quatro anos contra seis, sem reeleição).
O governo obteve 46,4% de aprovação em março, a melhor marca em 13 meses, segundo o instituto Adimark. Já no estudo do Cerc, divulgado ontem, a gestão é aprovada por 50%, alta em relação a dezembro.
Mas analistas dizem que o plano pode ser atrapalhado pelo calendário eleitoral. O Chile tem eleições municipais em outubro e já se discute a sucessão de Bachelet. Na última reunião de seu Partido Socialista, Bachelet pediu "responsabilidade" para não antecipar a disputa presidencial.
No Legislativo, o governo enfrenta a mais difícil situação em 18 anos: perdeu a maioria por dissidências na base. O primeiro revés já ocorreu: o Senado destituiu neste mês a ministra da Educação, Yasna Provoste, após um escândalo na pasta.


Com agências internacionais


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