|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Greve em estatal de cobre ofusca melhora na aprovação de Bachelet
Chilena perdeu maioria no Congresso e tenta frear debate sobre sua sucessão
DA REDAÇÃO
Quando as pesquisas de opinião mostram que, após um
2007 de agruras, a aprovação
do governo chileno melhorou, a
presidente Michelle Bachelet
tem dificuldades para comemorar plenamente, acossada
por uma greve na principal empresa do país, a estatal de cobre
Codelco, cujos trabalhadores
terceirizados completam hoje o
15º dia de paralisação.
O governo se esforça para se
descolar do conflito e diz que a
negociação deve ser feita com
as empresas contratadas pela
Codelco, que subcontratam
cerca de 12 mil trabalhadores.
Os terceirizados dizem que a
greve é uma resposta ao não-cumprimento dos acordos fechados em 2007, que incluíam
aumento salarial, com base na
alta do preço do cobre, e plano
para absorvê-los nos quadros
da empresa -os trabalhadores
querem 5.000 postos, a estatal
planeja 1.500 vagas.
Duas minas já haviam deixado de funcionar. Na madrugada
de ontem, a segunda maior mina da empresa, a maior produtora de cobre do mundo, parou.
O sindicato dos trabalhadores regulares do local diz não
haver segurança para chegar a
ela -nos últimos dias, terceirizados bloquearam acessos e
lançaram pedras sobre ônibus,
ferindo ao menos um.
A empresa diz que já são 19
mil toneladas de cobre a menos
produzidas e perdas de US$ 100
milhões. A Codelco reportou
ontem lucro recorde no primeiro trimestre (US$ 2,023 bilhões) -suas divisas engordam
o caixa do governo e financiam,
por lei, as Forças Armadas.
"Há aqui uma controvérsia
legítima", disse ontem sobre a
greve o ministro do Trabalho,
Osvaldo Andrade, enquanto
membros da coalizão de Bachelet defendem, contrários ao governo, que a Codelco participe
das negociações.
À dor de cabeça da vez para
Bachelet se juntou uma "greve
de advertência" de um dia dos
servidores da saúde ontem. Em
Concepción, uma marcha reuniu mil pessoas e foi dissolvida
pela polícia, que prendeu 14
manifestantes. Os funcionários
prometem greve geral caso o
governo não apresente plano
para a área em 15 dias.
Sucessão à vista
Com um gabinete reformado
em janeiro e ajustes no Transantiago, o sistema de ônibus
da capital cuja estréia caótica
derrubou sua aprovação em
2007, Bachelet tenta levar
adiante reformas na educação e
na saúde nos dois anos que lhe
restam (seu mandato é mais
curto do que o do antecessor,
Ricardo Lagos, quatro anos
contra seis, sem reeleição).
O governo obteve 46,4% de
aprovação em março, a melhor
marca em 13 meses, segundo o
instituto Adimark. Já no estudo do Cerc, divulgado ontem, a
gestão é aprovada por 50%, alta
em relação a dezembro.
Mas analistas dizem que o
plano pode ser atrapalhado pelo calendário eleitoral. O Chile
tem eleições municipais em outubro e já se discute a sucessão
de Bachelet. Na última reunião
de seu Partido Socialista, Bachelet pediu "responsabilidade" para não antecipar a disputa presidencial.
No Legislativo, o governo enfrenta a mais difícil situação em
18 anos: perdeu a maioria por
dissidências na base. O primeiro revés já ocorreu: o Senado
destituiu neste mês a ministra
da Educação, Yasna Provoste,
após um escândalo na pasta.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Saiba mais: Novo órgão é Estado-Maior do dirigente Próximo Texto: Sucessão nos EUA / Relações perigosas: Sob pressão, Obama renega ex-pastor Índice
|