São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

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NA REAL

BARBARA GANCIA - barbara@uol.com.br

A monarquia desdenha o glamour


Ninguém viu a rainha tentar ser simpática ou usar roupa de grife; ela é o que é, quer ser igualada a seus súditos


ALTO ASTRAL, delícia de dia. Nas primeiras horas da manhã já estava postada diante de um dos telões do Hyde Park pronta para me debulhar em lágrimas.
Costumo fazer papel de cretina em casamentos e, neste, logo percebi que estaria acompanhada de uma horda de outras Mary Poppins que puxavam o coro -"aaaaah!"- sempre que as câmeras davam close na nova duquesa de Cambridge.
Quem não gosta de uma festa de casamento? É o tipo de ocasião em que a família inteira se diverte. No caso do enlace de um futuro herdeiro ao trono britânico, a diversão é garantida para uma ilha inteira e mais todos os países que integram a Commonwealth.
À exceção, é claro, dos servidores da prefeitura que trabalham na limpeza do metrô de Londres, que não foram dispensados nem ganharão hora extra pelo trabalho executado durante a cerimônia enquanto o resto da cidade se esbaldava.
Assim como no Coliseu romano, onde o sinal negativo do polegar decidia a sorte de gladiadores, o público que assistia à cerimônia diante dos telões também fazia questão de se manifestar sobre a realeza que desfilava a sua frente.
William foi muito aplaudido assim que entrou em cena a caminho da abadia de Westminster. Já seu pai, Charles, foi recebido com a indiferença de quem abre a janela ao despertar para encontrar pela frente um dia nublado. Quando muito, fez agitar uma bandeirinha aqui e outra lá em Brixton.
Kate e a rainha Elizabeth são outra história, empolgaram à beça por motivos óbvios. Mas o que realmente me impressionou foi a simpatia do público pelo príncipe Harry.
A cada vez que o irmão do noivo era enquadrado sob qualquer ângulo, o pessoal se punha a gritar como se fosse a final da Copa de 1966. É brincadeira o que o rapaz, de resto muito simpático, é querido.
Mas, infelizmente, uma das tantas peculiaridades da monarquia britânica é que ela nada tem a ver com concurso de celebridade. Muito ao contrário. Diria até que desdenha de glamour.
Tanto é que ninguém nunca viu a rainha tentar ser simpática ou usar roupa de grife. Ela é o que é, uma mulher comum, que deseja apenas ser igualada a qualquer um de seus súditos. Diana, com seu cérebro de ervilha, que Deus a tenha, tentou confundir celebridade com a instituição e quase arruina o sistema .
Que bom que as pessoas gostam de Harry e de Kate e que tenha corrido tudo bem. Mas, no fim das contas, o homem que será rei no dia em que Elizabeth for ter com o Criador vai ser aquele com cara de toupeira que sonha em servir de tampão para a sua amada.


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