São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

É a primeira ação do grupo em quatro meses; Israel se desculpa por morte de quatro civis na faixa de Gaza

Hizbollah ataca posições de Israel, que sobrevoa Beirute

DA REDAÇÃO

A guerrilha xiita libanesa Hizbollah disparou foguetes e morteiros ontem contra posições militares de Israel na fronteira com o Líbano, ferindo três soldados -um deles gravemente- e provocando retaliação da Força Aérea israelense, que chegou a sobrevoar a capital do Líbano, Beirute.
Foi o primeiro ataque do gênero do Hizbollah em quatro meses. O ministro da Defesa de Israel, Binyamin ben Eliezer, advertiu as autoridades de Beirute e de Damasco a não "brincar com fogo" provocando o seu país. A Síria, junto com o Irã, patrocina os guerrilheiros e controla a política libanesa.
Em resposta ao ataque, dois caças israelenses bombardearam posições do Hizbollah perto do vilarejo de Kfar Chouba.
O incidente ocorreu na região das Fazendas de Cheba, território ocupado por Israel na guerra de 1967. O Hizbollah afirma que o local pertence ao Líbano e que combate para recuperá-lo, enquanto o governo israelense diz que as terras eram da Síria antes de serem tomadas. A ONU atesta a versão israelense e afirma que sírios e israelenses devem negociar o futuro das Fazendas de Cheba.

Gaza
O governo israelense disse ontem lamentar a morte de quatro palestinos de uma mesma família -uma mãe, dois filhos e um de seus primos- num disparo de tanque na faixa de Gaza. O grupo extremista islâmico Hamas prometeu vingança.
Ben Eliezer se desculpou pela morte de "palestinos inocentes" durante incursão militar em Sheikh Ijleen e ordenou o início de uma investigação do Exército sobre o ocorrido.
"Membros de uma família foram mortos a sangue frio", disse Mahmoud al Zahar, um dos líderes do Hamas, ao lado dos corpos das vítimas no necrotério do principal hospital de Gaza. "Quando há morte de civis palestinos, Israel pode esperar a morte de seus civis", afirmou.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, disse em comunicado que o ataque foi "um crime deliberado com o objetivo de sabotar os esforços de paz de nossos amigos, o quarteto [grupo de mediadores internacionais" e a iniciativa de paz árabe".
A ANP disse que não participaria de encontro para discutir com Israel questões de segurança em razão da morte dos quatro.
O diálogo teria como objetivo ampliar a implementação do acordo "Gaza Primeiro", firmado na semana passada, que prevê a retirada de tropas israelenses de áreas ocupadas sob a condição de que os palestinos controlem as ações de grupos terroristas nessas regiões.
Dois garotos palestinos morreram, aparentemente atingidos por disparos de tropas israelenses na região de fronteira entre a faixa de Gaza e o Egito. Sete pessoas ficaram feridas.
O Exército de Israel disse ter descoberto um túnel usado para o contrabando de armas através da fronteira, escondido dentro de uma casa. Enquanto os soldados agiam para tapar o túnel, teriam sido atacados a tiros e granadas. Os dois jovens, na versão israelense, morreram quando as tropas reagiram ao ataque.

Nablus
Testemunhas em Nablus, na Cisjordânia, disseram que soldados israelenses detonaram explosivos dentro o principal edifício governamental palestino na cidade. Antes, tanques abriram fogo contra o prédio. Não houve feridos. Aparentemente ninguém estava no local no momento das explosões.
Pelo menos 1.517 palestinos e 589 israelenses já morreram na Intifada (levante palestino contra a ocupação), iniciada em setembro de 2000 após o colapso nas negociações de paz.


Com agências internacionais


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