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QUESTÃO RACIAL
Aumento nos últimos 20 anos atinge o ponto em que há mais negros nas cadeias que nas universidades
Total de negros presos nos EUA quintuplica
FOX BUTTERFIELD
DO "THE NEW YORK TIMES"
O número de homens negros
presos nos EUA quintuplicou nos
últimos 20 anos, chegando ao
ponto em que mais negros estão
atrás das grades do que matriculados em universidades, segundo
um estudo divulgado anteontem.
O aumento na população carcerária masculina negra coincide
com o boom da construção de
prisões que começou em 1980.
Naquela época, um número três
vezes maior de negros estava matriculado em instituições de ensino superior do que atrás das grades, afirma o estudo.
O relatório foi preparado pelo
Instituto de Política Judiciária,
uma ONG com sede em Washington que defende alternativas
ao encarceramento.
Segundo o estudo, havia 791.600
homens negros presos em 2000 e
603.032 matriculados em universidades. Em comparação, afirma
o estudo, em 1980 havia 143.000
homens negros presos, mas
463.700 matriculados em universidades.
Alguns especialistas em justiça
penal afirmam que a comparação
pode ser enganadora, pois o número de presos inclui todos os homens negros de 17 anos ou mais,
enquanto o número de negros em
instituições de ensino superior limita-se a uma faixa etária bem
mais estreita.
Mas Todd Clear, professor da
Faculdade John Jay de Justiça Penal em Manhattan, afirma que,
mesmo assim, os resultados do
pesquisa são significativos e "demonstram que políticas públicas
têm enfatizado em demasia o investimento na justiça penal em
vez do investimento na educação
da população".
Segundo Clear, o estudo "mostra que as chances de um menino
negro ir para a prisão hoje são
maiores do que as chances de ele
entrar na universidade, e não foi
sempre assim".
O estudo não explica porque o
número de negros presos subiu
tanto. Segundo alguns especialistas, uma possibilidade seria o fato
de que aumentou o número de
homens negros condenados por
crimes relacionados às drogas.
Mas números do Departamento
de Justiça mostram que, de 1990 a
2000, 50% do crescimento em populações carcerárias em prisões
estatais deveu-se a crimes violentos e apenas 20% a crimes relacionados a drogas.
Durante o boom na construção
de prisões nas últimas duas décadas, o número total de americanos presos quadruplicou, passando de 502 mil em 1980 para 2,1 milhões em 2000. No mesmo período, o número total de americanos
em universidades subiu 22%, de
12,1 milhões para 14,8 milhões.
Hilary O. Shelton, diretora do
escritório em Washington da Associação Nacional para o Avanço
das Pessoas de Cor, disse: "É realmente uma triste declaração sobre o nosso país o fato de que parece ser mais fácil para os governos investir preciosos recursos
públicos no encarceramento de
homens afro-americanos do que
investir na educação superior".
Vincent Schiraldi, presidente do
Instituto de Política Judiciária,
observou que o número de homens negros presos cresceu três
vezes mais rápido do que o de homens negros em universidades
entre 1980 e 2000.
Mais ricos
Segundo um estudo divulgado
ontem, a riqueza de negros americanos mais do que triplicou entre
1989 e 1998.
A Federação de Consumidores
da América encomendou uma
pesquisa à Universidade de Ohio,
que, com base em dados do Federal Reserve (o banco central dos
EUA), concluiu que a riqueza doméstica média dos negros cresceu
321% no período, de US$ 3.680
em 1989 para US$ 15.500 em 1998.
A quantia, contudo equivale a
menos de um quarto dos US$
71.700 acumulados pela família
americana média.
Segundo a agência do governo responsável pelo censo americano, a renda anual média de lares formados por negros subiu de US$ 18.083 em 1989 para US$
25.351 em 1998. As quantias foram ajustadas de acordo com a inflação.
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