São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009 |
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Divergências desafiam favoritos no Japão
Formada por "partidos internos" que discordam em temas estruturais, sigla opositora terá problemas se vencer, diz economista
Sem aumentar a produtividade do Japão, o padrão de vida
no país irá despencar, graças ao
rápido envelhecimento de sua
população. DIFÍCIL COESÃO Apesar de se chamar Partido Democrático do Japão, o PDJ são vários partidos internos, que vão da direita à esquerda em muitos dos grandes temas. Vai ser difícil mantê-los unidos. Em privatização, há discordâncias entre vender muito ou reverter privatizações. No meio ambiente, o lobby verde quer limites para a redução da emissão de gases, enquanto defensores dos sindicatos da indústria automobilística são contra. Na política externa, a divisão é entre seguir os EUA em tudo ou ter mais autonomia. Só haverá mais confiança no governo quando essas divergências se assentarem. ENVELHECIMENTO Durante a campanha, os dois partidos não falaram de deflação, de produtividade. Praticamente não falaram sobre crescimento. O relógio que deveria impor o ritmo das mudanças no Japão é o do envelhecimento da população. E esse relógio anda rápido. A menos que a produtividade aumente na mesma velocidade, o padrão de vida dos japoneses vai despencar, com menos trabalhadores e mais aposentados. DEFICIT CRESCE O PDJ está propondo algo como 20 trilhões de ienes de novos gastos (US$ 220 bilhões). Eles dizem que vão realocar recursos a partir de cortes em gastos desnecessários, melhora na arrecadação e na venda de bens do governo. Mesmo se esses dados forem corretos, não há plano no PDJ para se reduzir o deficit. Isso é necessário para fomentar a confiança do investidor em um governo do PDJ. Mas essas reformas requerem duras batalhas políticas. São difíceis de implementar, não importa quem governe. Não haverá sucesso rápido em reforma fiscal. O Japão deve encarar uma longa caminhada. JAPÃO COMPLACENTE Mesmo que o PDJ conquiste vasta maioria no Parlamento, a política não será suave. Os mercados continuarão tensos, e as batalhas políticas prosseguirão. Há ciclos que se repetem: crise, seguida de uma pequena melhora, e [então] chega a complacência. Infelizmente, o Japão continua na fase complacente. O que pode despertar o Japão e provocar mudanças de verdade é a perda de competitividade das empresas do país. Os níveis de produtividade de outros países asiáticos e emergentes estão crescendo aceleradamente. Se a vantagem tecnológica do Japão se perder, o atual superavit pode evaporar. O Japão então teria que pedir emprestado de fora para financiar seus deficits. Isso não seria fácil por conta do alto endividamento nacional, perto de 180% do PIB. CHINA E EUA Há sinais positivos de recuperação na China e nos EUA, o que vai ajudar a indústria exportadora do Japão. Mas domesticamente a deflação persiste, os salários continuam caindo, e as indústrias trabalham com capacidade baixa. FACÇÕES Um grupo do PDJ não quer usar forças armadas no exterior e busca um papel maior para o setor público em investimentos e recursos. Um segundo grupo defende menos envolvimento do setor público na economia, mas um papel ativo do Japão em política externa. Esse é o grupo de Yukio Hatoyama, que pode se tornar o novo primeiro-ministro. Um terceiro grupo quer um papel ainda menor para o setor público na economia, defendendo uma agressiva privatização de empresas públicas, terceirizando serviços públicos e com menor restrição para a utilização das Forças de Autodefesa do Japão. Texto Anterior: Análise: Eleitores tentam crer no fim do imobilismo Próximo Texto: Expoente democrata, Ted Kennedy é enterrado Índice |
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