São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO NOS EUA / CONTROLE DE DANOS

Biden treina para evitar sexismo em debate

Candidato a vice de Obama, conhecido por gafes, enfrenta nesta quinta Sarah Palin

Republicana, considerada fraca em política externa, também toma aulas para encontro com senador, que preside grupo sobre o tema

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Para evitar seus habituais deslizes verbais, o candidato democrata a vice-presidente dos EUA, Joe Biden, está sendo orientado por uma tropa de elite de seu partido. As senadoras Hillary Clinton, Barbara Boxer e Dianne Feinstein estão treinando o companheiro de chapa de Barack Obama para que enfrente uma mulher em um debate sem parecer machista ou excessivamente agressivo.
Biden duelará nesta quinta com a governadora do Alasca, Sarah Palin, candidata a vice do republicano John McCain.
O debate -que abordará temas variados e será o único entre Biden, 65, e Palin, 44, antes da eleição de 4 de novembro- ocorrerá na Universidade Washington, em St. Louis (Missouri). Depois de um debate morno entre os cabeças-de-chapa na última sexta, o evento dos vices assumiu importância especial para as campanhas, sobretudo a republicana, que vem ficando para trás em pesquisas conforme avança a crise econômica.
Biden preside a Comissão de Relações Internacionais do Senado; já Palin tirou seu primeiro passaporte no ano passado e acaba de enfrentar entrevistas catastróficas, em que foi criticada por suposta incoerência e falta de profundidade em economia e relações exteriores.

Preparação
Ainda assim, o terreno apresenta dificuldades para o democrata, pois ele é conhecido por suas gafes, e a candidata republicana é considerada "simpática e verdadeira" por boa parte do eleitorado. A linha entre o ataque político e o que críticos verão como machismo será tênue -ainda mais após os republicanos terem adotado o argumento do sexismo para refutar críticas a sua candidata.
Palin -temida inclusive no partido por sua inabilidade em política externa- está em uma maratona de preparações para o debate. O diretor da campanha de McCain, Rick Davis, e Steve Schmidt, conselheiro republicano, planejaram sessões de treinamento intensivas.
"Estou esperando ansiosamente a noite de quinta (...) para conhecer Biden", afirmou ela ontem em comício em Ohio. "Nunca o encontrei, mas ouço falar de seus discursos no Senado desde a segunda série", afirmou, frisando a diferença geracional. "Devo admitir que ele é um grande debatedor e parece ter uma confiança danada."
A preparação incluiu encontros com chefes de Estado durante a 63ª Assembléia Geral da ONU, em Nova York, na semana passada -como o presidente afegão, Hamid Karzai, e o colombiano, Álvaro Uribe- e conversa com o ex-secretário de Estado Henry Kissinger.
Estrategistas democratas aconselharam Biden a ignorá-la no palco. Seu objetivo seria se concentrar em conseguir uma conexão com eleitores sentados em suas salas de estar e deixar claro que é um deles.
Mas, para frustração dos que aguardavam uma troca de argumentos mais fluida entre os vices, o debate desta semana adotará moldes mais rígidos do que o de McCain e Obama.
A pedido dos republicanos, que temiam que sua candidata passasse a maior parte do tempo na defensiva, a Comissão de Debates Presidenciais adotou o formato tradicional, com uma pergunta do mediador seguida por dois minutos de resposta. Não haverá, assim, os cinco minutos de livre embate vistos no evento dos cabeças-de-chapa.


Texto Anterior: Leste europeu: Governistas ocuparão 100% do Parlamento em Belarus
Próximo Texto: Artigo: Guerra do Iraque e atoleiro financeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.