São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Egito anuncia plano de central nuclear; EUA mostram apoio

Mais nove países do Oriente Médio e norte-africanos declararam ter a mesma ambição; analistas apontam medo do Irã como razão

Ditador Mubarak diz que os reatores visam obtenção de energia, não de bomba, e ficarão sob monitoramento de agência atômica da ONU

DA REDAÇÃO

O ditador egípcio, Hosni Mubarak, anunciou ontem que seu país pretende construir "algumas" centrais nucleares e que elas estarão sob a supervisão da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o que indica em princípio a intenção de não usar as instalações para produzir a bomba atômica.
Os EUA disseram reconhecer a dimensão pacífica do programa nuclear egípcio. O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, afirmou que seu país não levantaria objeções enquanto o Cairo se enquadrasse nas determinações do TNP (Tratado de Não-Proliferação), que restringe o uso do átomo para atividades como a produção de eletricidade ou a dessalinização da água do mar.
O Egito não está isolado entre os países árabes moderados que visam um programa nuclear. Em novembro último o jornal britânico "Times" informou que Argélia, Marrocos, Arábia Saudita, Tunísia e Emirados Árabes Unidos também haviam submetido quase simultaneamente à AIEA, ligada à ONU, o plano de ter reatores.
Há outros planos de programas nucleares na Turquia, na Jordânia e no Iêmen, onde em setembro de 2006 o governo assinou um protocolo com uma empresa americana. A França está interessada em fornecer reatores atômicos à Líbia.
Recentemente, Mark Fitzpatrick, especialista em proliferação nuclear no IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), disse que esse grupo de países procura construir uma "barreira de segurança" contra o Irã, cuja capacitação nuclear assusta o Oriente Médio e a África do Norte.
Mubarak confirmou ontem que o projeto também obedecia a razões do "sistema nacional de segurança". John Wolfsthal, também pesquisador do IISS, disse "que tudo isso é político e estratégico". Mohamed Abdel-Salam, do Centro Al Ahram para Estudos Políticos e Estratégicos, do Cairo, afirmou que a possibilidade de o Irã ativar em 2008 seu primeiro reator, em Bushehr, "estimulou a sensibilidade egípcia". Teerã diz ter fim pacífico, mas Washington e alguns governos europeus temem que seja bélico.
Além do temor despertado pelo Irã há também o bombardeio por Israel, em 6 de setembro, do que seria a obra civil de uma central nuclear que a Síria estaria construindo com a ajuda da Coréia do Norte.
Durante o fim de semana, Mohamed El Baradei, diretor-geral da AIEA, criticou os Estados Unidos e Israel por não terem demonstrado com evidências as intenções nucleares do regime da Síria.


Com agências internacionais


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