São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Com projeto lançado em abril, ONG já era investigada na França

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Antes de lançar a operação de transporte das 103 crianças para a França, a ONG francesa Arca de Zoé realizou uma ação de recrutamento de famílias e aliados no território francês. A intenção da ONG já estava explícita em um comunicado do dia 28 de abril deste ano, no qual revela seus planos de "remover 10 mil órfãos de Darfur para a Europa e os EUA".
O texto é assinado conjuntamente com a ONG francesa Salvar Darfur. "Nós apoiamos a idéia do salvamento das crianças. Não participamos diretamente da ação, mas, assim que as crianças estivessem na França, estávamos dispostos a ajudá-las juridicamente a obter os documentos necessários para permanecerem no país. Também estávamos empenhados em oferecer brinquedos e roupas", disse à Folha Mahor Chiche, presidente da Salvar Darfur. Segundo Chiche, a entidade organiza palestras e eventos sobre o conflito no Sudão.
O outro pilar da operação era a obtenção de famílias interessadas em acolher "um órfão de menos de cinco anos refugiado da guerra em Darfur". Para convencer os candidatos, a ONG declarava que a operação estava em total conformidade com as regras do direito internacional. Segundo as informações à disposição das famílias, todo o procedimento, desde a certidão de nascimento das crianças até os critérios de imigração para a França, seriam cumpridos. No site da ONG, era possível baixar a ficha de candidatura ao projeto.
A notoriedade alcançada pela Arca de Zoé com o projeto Darfur fez aumentar o número de ligações para a Acai (Autoridade Central para a Adoção Internacional), órgão ligado à Chancelaria da França. Em julho, o governo francês abriu uma investigação sobre a ONG.
Isso não impediu que o grupo conseguisse, em três meses, recrutar 258 famílias e anunciasse o orçamento da missão: 550 mil. A soma deveria cobrir as despesas legais, o frete do vôo e as viagens do grupo para selecionar as crianças. Cada família desembolsou uma quantia entre 2.800 e 6.000. Em setembro, membros da organização embarcaram para o Chade, onde a Arca de Zoé atua sob o nome Children Rescue.
Antes de Darfur, a ONG já havia realizado ações humanitárias com crianças vítimas do tsunami na ilha de Sumatra. Procurados pela reportagem da Folha, os dirigentes da Arca de Zoé na França não atenderam aos telefonemas.


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