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Com projeto lançado em abril, ONG já era investigada na França
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Antes de lançar a operação de
transporte das 103 crianças para a França, a ONG francesa Arca de Zoé realizou uma ação de
recrutamento de famílias e
aliados no território francês. A
intenção da ONG já estava explícita em um comunicado do
dia 28 de abril deste ano, no
qual revela seus planos de "remover 10 mil órfãos de Darfur
para a Europa e os EUA".
O texto é assinado conjuntamente com a ONG francesa
Salvar Darfur. "Nós apoiamos a
idéia do salvamento das crianças. Não participamos diretamente da ação, mas, assim que
as crianças estivessem na França, estávamos dispostos a ajudá-las juridicamente a obter os
documentos necessários para
permanecerem no país. Também estávamos empenhados
em oferecer brinquedos e roupas", disse à Folha Mahor Chiche, presidente da Salvar Darfur. Segundo Chiche, a entidade organiza palestras e eventos
sobre o conflito no Sudão.
O outro pilar da operação era
a obtenção de famílias interessadas em acolher "um órfão de
menos de cinco anos refugiado
da guerra em Darfur". Para
convencer os candidatos, a
ONG declarava que a operação
estava em total conformidade
com as regras do direito internacional. Segundo as informações à disposição das famílias,
todo o procedimento, desde a
certidão de nascimento das
crianças até os critérios de imigração para a França, seriam
cumpridos. No site da ONG,
era possível baixar a ficha de
candidatura ao projeto.
A notoriedade alcançada pela Arca de Zoé com o projeto
Darfur fez aumentar o número
de ligações para a Acai (Autoridade Central para a Adoção Internacional), órgão ligado à
Chancelaria da França. Em julho, o governo francês abriu
uma investigação sobre a ONG.
Isso não impediu que o grupo conseguisse, em três meses,
recrutar 258 famílias e anunciasse o orçamento da missão:
550 mil. A soma deveria cobrir as despesas legais, o frete
do vôo e as viagens do grupo para selecionar as crianças. Cada
família desembolsou uma
quantia entre 2.800 e 6.000.
Em setembro, membros da organização embarcaram para o
Chade, onde a Arca de Zoé atua
sob o nome Children Rescue.
Antes de Darfur, a ONG já
havia realizado ações humanitárias com crianças vítimas do
tsunami na ilha de Sumatra.
Procurados pela reportagem
da Folha, os dirigentes da Arca
de Zoé na França não atenderam aos telefonemas.
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