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Atentado no Quênia será desafio ao Mossad
JEFFREY HELLER
DA REUTERS, EM JERUSALÉM
Não será fácil para a agência de
espionagem israelense, o Mossad,
cumprir as ordens do premiê
Ariel Sharon de localizar os responsáveis pelos ataques contra
um hotel e um avião israelenses
no Quênia, disseram especialistas.
A última vez em que o Mossad
saiu para realizar assassinatos políticos, 30 anos atrás, depois do
massacre de 11 atletas israelenses
nas Olimpíadas de Munique, em
1972, seu alvo era claro: o grupo
palestino Setembro Negro, que tinha tomado os atletas reféns. Hoje, porém, os especialistas em inteligência israelenses atribuem os
ataques da quinta-feira à rede Al
Qaeda, de Osama bin Laden, o
que significa que o Mossad teria
que rastrear um inimigo multinacional com muitos rostos e células
instaladas em diversos países.
"Acho que Israel vai buscar informações com a CIA [agência de
inteligência dos EUA] e o Quênia,
mas, se identificar os responsáveis
pelos ataques, vai tentar eliminá-los", disse Yossi Melman, especialista israelense no Mossad.
Melman disse que os ataques no
resort turístico às margens do Índico, onde turistas israelenses que
chegam em vôos fretados semanais buscam distância das agruras
da Intifada, parecem ter sido obra
da "Al Qaeda local" da África
oriental ou do Iêmen.
"O Mossad tem mais experiência do que os americanos com assassinatos políticos", disse Melman, co-autor do livro "Cada Espião um Príncipe", sobre a comunidade de inteligência israelense.
"Mas os EUA têm muito mais informações sobre a Al Qaeda."
Autoridades israelenses disseram que Sharon encarregou o
Mossad de uma operação que
marcará sua entrada na guerra
global ao terrorismo declarada
pelos EUA após os ataques de 11
de setembro de 2001. "Israel agora
enfrenta um terror enorme. E a
ameaça vinda desse terror é muitíssimo maior do que o terror palestino", disse Giora Shamis, editor-chefe do site Debka.com, especializado em assuntos ligados a
inteligência. Mas ele sugere que a
promessa de Sharon pode ser
apenas retórica vazia pois o premiê está sendo pressionado pelos
EUA para não aumentar as tensões no Oriente Médio enquanto
Washington tenta conseguir
apoio árabe para uma possível
guerra contra o Iraque. Mesmo
que o faça, disse ele, o Mossad estaria entrando "num túnel muito
longo e escuro" se se propusesse a
enfrentar a Al Qaeda inteira.
"Não é uma operação de uma
única organização", disse Shamis,
falando sobre os ataques de anteontem no Quênia. "Como costuma ser o caso com a Al Qaeda,
foi um trabalho conjunto de algumas organizações."
Três décadas atrás, o Mossad,
ou Instituto de Inteligência e Tarefas Especiais, foi implacável em
sua caçada ao grupo Setembro
Negro. Semanas depois que o ataque de setembro de 1972 e a tentativa fracassada de resgate feita pela Alemanha terminaram com a
morte dos 11 israelenses, os homens da organização começaram
a morrer em emboscadas e atentados a bomba em toda a Europa.
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