São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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IRAQUE NA MIRA

Grupo condiciona ajuda em eventual ofensiva; oposição iraquiana no exílio se reunirá em Londres em dezembro

Curdos exigem vaga no governo pós-Saddam

DA REDAÇÃO

O principal grupo curdo iraquiano disse ontem que não participará de uma eventual ação militar liderada pelos EUA para derrubar o ditador Saddam Hussein se não for incluído num plano para um futuro governo do Iraque.
"Antes de nos envolvermos em qualquer ação militar, precisamos saber o objetivo", disse Massoud Barzani, do Partido Democrático do Curdistão. Barzani, um dos dois principais líderes curdos iraquianos, disse que o grupo étnico quer fazer parte do trabalho de reestruturação do país após a eventual derrubada de Saddam.
Os EUA ameaçam atacar o Iraque e derrubar Saddam se o Iraque não cooperar com a dura resolução do Conselho de Segurança da ONU que obriga a total destruição das armas de destruição em massa do país. O Iraque nega ter esse tipo de armamento.
A posição dos curdos, que dominam o norte do país, contraria o desejo dos EUA de contar com os grupos internos insatisfeitos com Saddam para ajudar numa eventual ação militar para derrubá-lo. A mesma estratégia funcionou com sucesso no Afeganistão, onde o regime extremista do Taleban foi derrubado, no ano passado, pelo grupo oposicionista Aliança do Norte, que atuou em conjunto com os EUA.
O principal problema enfrentado no caso do Iraque são as divisões internas entre os grupos oposicionistas iraquianos e as disputas por espaço em um eventual governo pós-Saddam.
Seis grupos de oposição reconhecidos pelos EUA disseram ontem que farão uma reunião no mês que vem em Londres para se preparar para tomar o poder se Saddam for derrubado. Será a quarta tentativa para a reunião.
As tentativas anteriores de realizar a conferência em Amsterdã, Bruxelas e Londres fracassaram após os seis grupos não terem chegado a um acordo para a pauta e a composição do encontro.
"Faremos a reunião de 13 a 15 de dezembro, se o governo britânico der os vistos de entrada. Estamos finalizando a pauta e a lista de participantes", disse Nabil al Mousawi, membro do Congresso Nacional Iraquiano, com sede em Londres, e do comitê de planejamento do encontro.
Mousawi disse que a conferência de dezembro, com cerca de 500 delegados, deve eleger um comitê de liderança da oposição por consenso. "Haverá um vácuo no Iraque e queremos preparar os requerimentos burocráticos para preenchê-lo", disse.
Os seis grupos são um movimento monarquista, o Congresso Nacional Iraquiano, dois partidos curdos do norte do Iraque, o Acordo Nacional Iraquiano e o Supremo Conselho para a Revolução Islâmica no Iraque, com sede no Irã.
Segundo a rádio Free Iraq, fundada pelos EUA e com sede em Praga, o vice-secretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, e o subsecretário de Estado Marc Grossman encontrarão líderes desses grupos em Londres na segunda-feira. A rádio disse que estarão presentes ainda Mohammad Bahr al Ouloum, proeminente líder religioso xiita iraquiano que vive em Londres, e representantes da minoria turca do país.
A oposição iraquiana formou o Congresso Nacional Iraquiano no início dos anos 90, com a proposta de um federalismo e uma democracia para substituir o regime de partido único de Saddam.
Mas uma disputa entre Ahmad Chalabi, o líder opositor no exílio com as melhores relações com os EUA, e os partidos curdo e religiosos dividiu o grupo.


Com agências internacionais


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