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Saddam oculta partes de armas, dizem jornais
DA REDAÇÃO
Jornais britânicos disseram ontem que o ditador iraquiano, Saddam Hussein, estaria ordenando
a centenas de funcionários do governo que escondam componentes de armamentos de destruição
em massa em suas próprias casas
para evitar a sua detecção pelos
inspetores de armas da ONU.
Os jornais "The Times" e "The
Independent" publicaram ontem
reportagens semelhantes, citando
fontes anônimas do governo britânico e relatórios de inteligência
iraquianos. Segundo os jornais,
Saddam estaria ameaçando com
duras penas aqueles que não
cumprirem com o ordenado.
O "Times" disse ainda que o
premiê britânico, Tony Blair, e o
presidente dos EUA, George W.
Bush, receberam as informações
sobre a suposta ocultação de material tão a sério que estariam considerando fazer um apelo pessoal
aos funcionários iraquianos para
que denunciem o ocorrido para
os inspetores da ONU.
Um porta-voz do governo britânico disse que não comentaria as
especulações: "Nosso apoio à
equipe de inspetores de armas e
ao trabalho que estão fazendo e
nosso pedido ao Iraque para cooperar e cumprir a resolução da
ONU já são bem conhecidos."
Quando questionado se Blair tinha conhecimento das informações de que Saddam estaria ordenando a ocultação de material em
casas, ele afirmou: "Nós não temos nada a acrescentar, nesse estágio, às informações que estão no
dossiê que publicamos poucos
meses atrás".
O dossiê de 50 páginas, divulgado em setembro para atrair apoio
público a uma ação contra o Iraque, dizia que Saddam estaria fazendo estoques de armas químicas e biológicas e que poderia lançar um ataque com 45 minutos de
antecedência.
O Iraque nega possuir armas de
destruição em massa.
Segundo os jornais britânicos,
Saddam estaria preocupado com
a perda de apoio popular ao seu
governo. Relatórios de inteligência do país mostrariam que muitos iraquianos acreditam que
uma mudança de governo possa
melhorar sua condição de vida.
Mas também existe o temor de
que, se Saddam cair, o Iraque possa se dividir e cair numa guerra civil por causa das disputas entre
diferentes grupos pelo poder.
Desculpa
O Iraque acusou ontem os EUA
de tentarem interferir no trabalho
dos inspetores de armas da ONU
no país para criar um pretexto para lançar um ataque militar contra o Iraque.
"Os EUA são os únicos que interpretam a resolução do Conselho de Segurança da ONU de
acordo com suas intenções hostis
contra o Iraque e a nação árabe",
disse o jornal "Al Thawra", órgão
do Baath, partido único iraquiano.
"Então eles vão continuar a fazer ameaças e a colocar seu nariz
no trabalho dos inspetores e vão
fabricar qualquer evento ou questão para confundir o trabalho ou
obstrui-lo, especialmente quando
os inspetores e o mundo se derem
conta de que o Iraque não tem armas de destruição em massa", dizia o texto.
As inspeções da ONU no Iraque
foram retomadas na quarta-feira,
após a aprovação, no início do
mês, de uma resolução pelo Conselho de Segurança que obriga o
Iraque a se desfazer de todos os
seus programas de armas de destruição em massa.
O comportamento do Iraque
nos dois primeiros dias de inspeções foi elogiado pela ONU.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, disse que o trabalho foi desimpedido. "Acho que
está indo tranquilamente, e não
temos razão para reclamar", disse. "Pudemos fazer o que estava
previsto nos primeiros dias. Esperamos que isso continue assim",
afirmou.
Com agências internacionais
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