São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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Saddam oculta partes de armas, dizem jornais

DA REDAÇÃO

Jornais britânicos disseram ontem que o ditador iraquiano, Saddam Hussein, estaria ordenando a centenas de funcionários do governo que escondam componentes de armamentos de destruição em massa em suas próprias casas para evitar a sua detecção pelos inspetores de armas da ONU.
Os jornais "The Times" e "The Independent" publicaram ontem reportagens semelhantes, citando fontes anônimas do governo britânico e relatórios de inteligência iraquianos. Segundo os jornais, Saddam estaria ameaçando com duras penas aqueles que não cumprirem com o ordenado.
O "Times" disse ainda que o premiê britânico, Tony Blair, e o presidente dos EUA, George W. Bush, receberam as informações sobre a suposta ocultação de material tão a sério que estariam considerando fazer um apelo pessoal aos funcionários iraquianos para que denunciem o ocorrido para os inspetores da ONU.
Um porta-voz do governo britânico disse que não comentaria as especulações: "Nosso apoio à equipe de inspetores de armas e ao trabalho que estão fazendo e nosso pedido ao Iraque para cooperar e cumprir a resolução da ONU já são bem conhecidos."
Quando questionado se Blair tinha conhecimento das informações de que Saddam estaria ordenando a ocultação de material em casas, ele afirmou: "Nós não temos nada a acrescentar, nesse estágio, às informações que estão no dossiê que publicamos poucos meses atrás".
O dossiê de 50 páginas, divulgado em setembro para atrair apoio público a uma ação contra o Iraque, dizia que Saddam estaria fazendo estoques de armas químicas e biológicas e que poderia lançar um ataque com 45 minutos de antecedência.
O Iraque nega possuir armas de destruição em massa.
Segundo os jornais britânicos, Saddam estaria preocupado com a perda de apoio popular ao seu governo. Relatórios de inteligência do país mostrariam que muitos iraquianos acreditam que uma mudança de governo possa melhorar sua condição de vida. Mas também existe o temor de que, se Saddam cair, o Iraque possa se dividir e cair numa guerra civil por causa das disputas entre diferentes grupos pelo poder.

Desculpa
O Iraque acusou ontem os EUA de tentarem interferir no trabalho dos inspetores de armas da ONU no país para criar um pretexto para lançar um ataque militar contra o Iraque.
"Os EUA são os únicos que interpretam a resolução do Conselho de Segurança da ONU de acordo com suas intenções hostis contra o Iraque e a nação árabe", disse o jornal "Al Thawra", órgão do Baath, partido único iraquiano.
"Então eles vão continuar a fazer ameaças e a colocar seu nariz no trabalho dos inspetores e vão fabricar qualquer evento ou questão para confundir o trabalho ou obstrui-lo, especialmente quando os inspetores e o mundo se derem conta de que o Iraque não tem armas de destruição em massa", dizia o texto.
As inspeções da ONU no Iraque foram retomadas na quarta-feira, após a aprovação, no início do mês, de uma resolução pelo Conselho de Segurança que obriga o Iraque a se desfazer de todos os seus programas de armas de destruição em massa.
O comportamento do Iraque nos dois primeiros dias de inspeções foi elogiado pela ONU.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, disse que o trabalho foi desimpedido. "Acho que está indo tranquilamente, e não temos razão para reclamar", disse. "Pudemos fazer o que estava previsto nos primeiros dias. Esperamos que isso continue assim", afirmou.


Com agências internacionais


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