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VENEZUELA
Justiça veta consulta sobre renúncia; OEA diz que negociações para uma saída política não avançam em "nenhum aspecto"
Referendo cai; oposição a Chávez vê "terror"
DA REDAÇÃO
O Tribunal Supremo de Justiça
(TSJ) da Venezuela anulou a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de aprovar a realização
de um referendo em 2 de fevereiro
para que a população decidisse se
o presidente Hugo Chávez deveria renunciar. A medida, anunciada anteontem à noite, foi alvo de
críticas da oposição, que acusou o
governo de promover "uma campanha terrorista".
A decisão do TSJ "é uma provocação à imensa maioria dos venezuelanos e faz parte de uma campanha terrorista que este regime
quer pôr em prática", disse Carlos
Ortega, presidente da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV, principal associação
sindical do país).
Ortega e Froilán Barrios, secretário-geral da CTV, além de Albis
Muñoz, vice-presidente da Fedecámaras (principal associação patronal do país), afirmaram ontem
que a greve geral convocada para
a próxima segunda-feira acontecerá em todo o país a partir das
6h. Líderes oposicionistas afirmaram que a maioria das diferenças
sobre a convocação da greve foi
posta de lado após a decisão do
TSJ de anteontem à noite.
O referendo, de caráter consultivo, não forçaria Chávez legalmente a deixar o governo, mas representaria uma derrota política
para o presidente que poderia
pressioná-lo a renunciar e convocar eleições no país.
O TSJ anulou a decisão do CNE
dizendo que seriam necessários
mais votos para a aprovação. Três
dos cinco membros do conselho
votaram a favor do referendo,
mas o TSJ afirmou que seriam necessários ao menos quatro votos
para que a decisão pudesse ter sido aprovada.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos
(OEA), César Gaviria, afirmou
que as negociações entre o governo e a oposição para buscar saídas
para a crise política na Venezuela
estão paralisadas. "Não avançamos de maneira significativa em
nenhum aspecto", declarou.
Além da OEA, a ONU e o Centro Carter tentam encontrar uma
solução para o impasse entre Chávez e seus opositores.
Chávez e o ditador de Cuba, Fidel Castro, participaram ontem
de uma homenagem ao pintor
equatoriano Oswaldo Guayasamín em Quito (capital do Equador).
Em abril, Chávez foi afastado da
Presidência por dois dias por um
golpe cívico-militar, mas retornou graças à atuação de simpatizantes civis e de militares leais.
Mais de 60 pessoas foram mortas
nos conflitos de rua ocorridos entre o dia do golpe e o retorno de
Chávez à Presidência.
Chávez, que liderou um golpe
de Estado frustrado em 1992 e foi
eleito democraticamente em
1998, disse que não renunciaria
nem se o referendo indicasse uma
rejeição de "90% dos votos". O
presidente disse que respeitará a
Constituição, promulgada por ele
em 2000, que prevê a possibilidade de um referendo somente a
partir de agosto do ano que vem.
A oposição acusa Chávez de
destruir o país com suas políticas
populistas de esquerda e pede sua
renúncia e a convocação de eleições antecipadas.
Líderes da oposição obtiveram,
no início do mês, um abaixo-assinado com mais de 1,5 milhão de
assinaturas reivindicando a realização do referendo.
Anteontem, eles disseram que
poderiam suspender a greve geral
da segunda-feira se o governo
aceitasse o referendo e um acordo
eleitoral mais amplo nas negociações que contam com a mediação
da OEA.
Com agências internacionais
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