|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Partido pró-Índia lidera disputa em Bangladesh
País vota após 2 anos em estado de emergência
CLARA FAGUNDES
DA REDAÇÃO
A coalização centro-esquerdista liderada pela LA (Liga
Awami), secular e pró-Índia, lidera as apurações em Bangladesh, que foi às urnas ontem,
após dois anos sob estado de
emergência. Resultados preliminares apontam uma vitória
esmagadora: a coalizão conquistara 175 assentos parlamentares -96 das 300 vagas
permaneciam em disputa.
Os números, não oficiais, são
contestados pelo PNB (Partido
Nacionalista de Bangladesh),
maior rival da LA. Se confirmado, o resultado levará ao governo a ex-premiê Sheikh Hasina.
Filha e herdeira política do primeiro presidente de Bangladesh, ela escapou do massacre
de sua família em 1975 e lidera a
LA desde 1981.
Hasina e a também ex-premiê Khaleda Zia, viúva do fundador do PNB, alternaram-se
no poder nos últimos 15 anos e
tornaram-se vizinhas de cela
em 2007, quando vários políticos e alto funcionários foram
presos por corrupção, em campanha do governo interino. Sob
pressão de seus partidos, ambas foram libertadas para concorrer às eleições.
Monitorada por 20 mil observadores -2.500 deles estrangeiros-, o pleito de ontem
é um dos mais ambiciosos projetos cívicos de Bangladesh. Pobre, politicamente instável,
cronicamente corrupto, o país
é candidato a "Estado falido"
desde a independência, em
1971, quando recebeu do então
secretário de Estado americano, Henry Kissinger, o rótulo
de "caso perdido".
Com 650 mil policiais e militares nas ruas, urnas eletrônicas, eliminação de eleitores
fantasmas dos cadastros oficiais, o pleito tenta tornar viável a democracia em um país
freqüentemente paralisado por
protestos e golpes.
Pelo sistema eleitoral bengalês, o governo deve renunciar
três meses antes das eleições,
organizadas por um governo
provisório, neutro. O sistema
entrou em colapso no final de
2006, com conflitos de rua e
boicote da LA às eleições previstas para de janeiro de 2007.
A promessa de reforma eleitoral do governo interino foi
inicialmente recebida com otimismo, disse à Folha Charu
Lata Hogg, pesquisadora da
Chatham House e da Human
Rights Watch. "Mas é claro que
houve excessos e, após dois
anos de um governo que não foi
eleito, a expectativa [com o
pleito] é muito grande."
Semelhanças
Apesar da polarização e dos
confrontos entre seus simpatizantes, as propostas do PNB e
da LA são parecidas, explica
Hogg. Ambos prometem combater a inflação dos alimentos e
o terrorismo islâmico, além de
defenderem a industrialização.
Os dois são seculares, embora o
PNB participe hoje de aliança
com um partido islamista.
"A principal diferença ideológica diz respeito à relação
com a Índia, vista pela Liga
Awami como libertadora", diz a
analista. Nova Déli apoiou a
guerra de independência do ex-território paquistanês.
"Uma vitória da Liga Awami
tende a reforçar os laços com a
Índia, mas um alinhamento
não é automático: os dois países
têm questões mal resolvidas na
fronteira e disputas sobre o fluxo dos rios", disse Hogg. Nova
Déli represou, em 1976, o rio
Ganges e planeja desviar água
de dezenas de rios que, vindos
da Índia, cortam Bangladesh.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Revolução aos 50/ Festejos discretos: Aperto econômico marca aniversário em Havana Próximo Texto: Equador diz que pagará parcela do BNDES Índice
|