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Equador diz que pagará parcela do BNDES
Em carta enviada a órgão regional, governo se compromete a depositar cerca de US$ 29 milhões que venceram ontem
País questiona operação para obra da Odebrecht na Câmara Internacional de Comércio; valor total do empréstimo é US$ 243 mi
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Equador se
comprometeu por meio de carta enviada à Aladi (Associação
Latino-Americana de Integração) a honrar o pagamento da
parcela de cerca de US$ 29 milhões de dívida com o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
que está questionando em arbitragem internacional.
O valor total do empréstimo
é de US$ 243 milhões e ele é referente à exportação de bens e
serviços da Odebrecht para
construção da hidrelétrica de
San Francisco, que apresentou
problemas técnicos um ano
após entrar em operação.
Até agora, o Equador só quitou uma parcela, no valor de
US$ 15 milhões, em junho. Em
novembro, o presidente equatoriano, Rafael Correa, anunciou que recorreu à Câmara de
Comércio Internacional, com
sede em Paris, para suspender
o pagamento. O Equador argumenta que existem irregularidades no contrato, como taxas
de juros excessivas.
O BNDES diz que as condições contratuais entre o banco
de fomento e a empresa pública
equatoriana Hidropastaza foram aprovadas em pareceres da
Procuradoria Geral da República do Equador e autorizadas
pelo Banco Central do país.
Segundo a Folha apurou, o
BNDES já foi notificado sobre a
documentação entregue pelo
governo equatoriano. O vencimento da parcela estava marcado para ontem, mas o pagamento só deverá ocorrer na
primeira quinzena de janeiro,
por meio do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos
(CCR). O CCR funciona como
uma câmara de compensação
entre bancos centrais.
As compensações no âmbito
do CCR são feitas a cada quatro
meses. O não pagamento poderia levar o Equador a enfrentar
restrições na obtenção de crédito ou a dificuldades no recebimento de receitas de exportações para países vizinhos.
O Equador é hoje o segundo
país em destino de exportações
de bens e serviços financiadas
pelo BNDES. Desde a década
de 1990, as operações somam
US$ 692,8 milhões. O país só fica atrás da Argentina (operações no valor de US$ 1,3 bi).
As empresas que mais se beneficiaram do mecanismo foram construtoras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e
empresas ligadas à produção
de bens de capital, como Alstom e Mercedes-Benz.
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