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ANÁLISE
Para os EUA, guerra seria mescla dos ataques de 1991 e 2001
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os generais sempre lutam de
acordo com sua última guerra",
diz um ditado comum entre historiadores militares. A França foi
derrotada em 1940 porque achava
que a guerra seria como a de 1914.
Os EUA estão tendo contratempos porque acharam que a atual
guerra seria um misto da Guerra
do Golfo de 1991 com o ataque ao
Afeganistão em 2001. Os iraquianos não se renderam em massa,
como em 91; as forças dos EUA
não têm aliados locais como tinham no Afeganistão; e, principalmente, as forças empregadas
são bem menos poderosas do que
na retomada do Kuait.
A liderança militar americana
nega que se esteja fazendo uma
"pausa" nas operações militares,
notadamente no avanço a Bagdá,
e continua afirmando que as tropas na região são suficientes para
vencer a guerra. É parte verdade,
parte propaganda.
Há de fato uma pausa nas operações terrestres, que está sendo
usada pela aviação para atacar as
unidades da Guarda Republicana
que defendem Bagdá. A "pausa",
portanto, não se refere à aviação,
embora se aplique aos tanques e
infantes -que são, afinal, quem
toma de fato o terreno.
A revista "New Yorker" está revelando na edição que chega hoje
às bancas que Donald Rumsfeld,
o secretário da Defesa, recusou
várias vezes o pedido de assessores para aumentar o tamanho da
força empregada no Iraque.
Rumsfeld teria também recusado o pedido do general Tommy
Franks de só começar o ataque
depois que as tropas que deveriam partir da Turquia estivessem
disponíveis para uso no Kuait.
O autor do artigo, o jornalista
Seymour Hersh, tornou-se famoso por revelar o chamado massacre de My Lai, quando mais de
300 habitantes dessa aldeia vietnamita foram mortos por uma
companhia do Exército dos EUA.
Rumsfeld continua dando declarações confiantes. Mas generais no teatro de operações, sem
se identificar, têm declarado que a
guerra precisaria ser "reiniciada",
segundo relato de Rick Atkinson,
do "Washington Post".
Atkinson, autor de um livro sobre a Guerra do Golfo, relata que
há mesmo discussões sobre esperar semanas para um ataque à
Guarda Republicana, que seria
"amaciada" pela aviação do mesmo modo que no conflito de 91.
Em vez dos 2.000 tanques
Abrams que havia em 91, os EUA
hoje devem ter no máximo 400,
dos quais 250 na 3ª Divisão de Infantaria (não foram divulgados
números precisos).
O impasse atual está dando razão aos estrategistas que sugeriam
uma força de ataque mais poderosa. Anthony Cordesman, do
Centro para Estudos Estratégicos
e Internacionais, de Washington,
escreveu em dezembro de 2001
que os EUA deveriam enviar uma
força avassaladora para vencer rapidamente "e deixar os críticos e
analistas reclamarem depois da
ineficiência e força excessiva".
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