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ANTIGUERRA
Ministros de Lula e artistas dividem palco, mas não atraem grande público ao Ibirapuera
Gil leva 30 mil a "protesto-show" em SP
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto o ministro Gilberto
Gil cantava "A Paz", seis pombas
brancas foram soltas das mãos
das autoridades que ocupavam o
palco montado na praça da Paz,
no parque Ibirapuera, às 12h40 de
ontem. Encimando o palco, a frase "São Paulo contra a guerra"; no
palco, além do ministro Gil, da
Cultura, Márcio Thomaz Bastos,
da Justiça, e José Graziano, da Segurança Alimentar e Combate à
Fome. E mais a prefeita Marta Suplicy, vaiada no início e aplaudida
no final, o senador Eduardo Suplicy, José Genoino, o presidente
do PT, deputados e artistas.
A Guarda Civil Metropolitana
estimou o público em 30 mil.
Apenas razoável para um domingo de sol que teve, além de Gil,
Chico César, João Suplicy e o grupo de rap 509-E. No ano passado,
por exemplo, Caetano Veloso
atraiu 120 mil pessoas em show
gratuito no local. No entanto o
parque nunca viu tantas bandeiras brancas e vermelhas, muitas
com a foice e o martelo, retratos
de Che Guevara e o de George W.
Bush com o bigodinho de Hitler.
"A paz começa na célula da família", discursou a atriz Eliana
Guttman. "A arte e a guerra não
combinam", protestou o ator Tadeu Di Pietro, ao lado de Maria
Cândida, que, só acenando e sorrindo, ganhou mais aplausos. As
falas dos políticos, sindicalistas e
militantes foram contra a guerra,
sem poupar a truculência do ditador Saddam Hussein.
Sob uma árvore com a bandeira
vermelha da Liga Bolchevique Internacionalista, estudantes distribuíam folhetos criticando o governo Lula. "Quem paga a dívida
externa está financiando a guerra", disse Humberto Rodrigues,
25, estudante de história.
Três primos e um amigo desfilavam abraçados com as máscaras
de Bush, Bin Laden, Saddam e
Arafat. Davidson Santiago, 18, o
Bush, está desempregado. Jorge
Martins, 16, o Arafat, estuda e
procura emprego, o pai é caixa em
padaria. André Vinícius, 18, o
Saddam, ganha R$ 250 como auxiliar de escritório. Diego Ferreira, 16, o Bin Laden, só estuda.
Capão Redondo, onde moram,
é um dos bairros mais violentos
de São Paulo. "A guerra está lá
perto de casa", disse Santiago.
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