UOL


São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Imprensa americana acrítica é vitória de Rumsfeld, diz Gay Talese

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Para o escritor e jornalista Gay Talese, o Pentágono alcançou o seu objetivo: barrou eventuais críticas da mídia americana.
"Eles estão "embedded'", ironiza Talese, 71, numa referência ao termo em inglês que designa os jornalistas que viajam junto com as tropas americanas, uma estratégia de cobertura colocada em ação nesta guerra.
Talese é autor do livro "O Reino e o Poder", que conta a história e os bastidores do jornal "The New York Times", onde trabalhou. Ele concedeu uma rapidíssima entrevista à Folha na noite da última quinta-feira, após terminar uma sessão de autógrafos em um livraria de Nova York.

Folha - Gostaria de falar sobre a cobertura que a imprensa americana faz da guerra....
Gay Talese -
Eu esperava mais reportagens como as que havia na época do Vietnã, como o que fazia, por exemplo, David Halberstam.
Não gosto do jeito que mostram hoje, acho que deveria ser feito de maneira diferente. O jornalismo está "embedded" [a tradução mais próxima seria algo como "embutidos"".

Folha - Aliás, o que sr. acha desse termo, "embedded"?
Talese -
[Balança a cabeça e agita a mão em sinal de reprovação." Acho que Rumsfeld conseguiu o que ele queria. Mas ainda penso que as coisas podem melhorar mais para a frente.

Folha - Sobre a posição da mídia dos EUA em relação a esta guerra: mesmo os ingleses têm dito que estão mais críticos que os americanos. O sr. concorda?
Talese -
Digo uma coisa: mesmo estando aqui nos EUA, eu hoje vejo apenas a BBC. Não assisto à TV americana.

Texto Anterior: Jornalistas "encaixados" evidenciam limites da cobertura
Próximo Texto: Jihad "presenteia" Iraque com ataque
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.