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Imprensa americana acrítica é vitória de Rumsfeld, diz Gay Talese
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Para o escritor e jornalista Gay
Talese, o Pentágono alcançou o
seu objetivo: barrou eventuais críticas da mídia americana.
"Eles estão "embedded'", ironiza Talese, 71, numa referência ao
termo em inglês que designa os
jornalistas que viajam junto com
as tropas americanas, uma estratégia de cobertura colocada em
ação nesta guerra.
Talese é autor do livro "O Reino
e o Poder", que conta a história e
os bastidores do jornal "The New
York Times", onde trabalhou. Ele
concedeu uma rapidíssima entrevista à Folha na noite da última
quinta-feira, após terminar uma
sessão de autógrafos em um livraria de Nova York.
Folha - Gostaria de falar sobre a
cobertura que a imprensa americana faz da guerra....
Gay Talese - Eu esperava mais reportagens como as que havia na
época do Vietnã, como o que fazia, por exemplo, David Halberstam.
Não gosto do jeito que mostram
hoje, acho que deveria ser feito de
maneira diferente. O jornalismo
está "embedded" [a tradução
mais próxima seria algo como
"embutidos"".
Folha - Aliás, o que sr. acha desse
termo, "embedded"?
Talese - [Balança a cabeça e agita
a mão em sinal de reprovação."
Acho que Rumsfeld conseguiu o
que ele queria. Mas ainda penso
que as coisas podem melhorar
mais para a frente.
Folha - Sobre a posição da mídia
dos EUA em relação a esta guerra:
mesmo os ingleses têm dito que estão mais críticos que os americanos. O sr. concorda?
Talese - Digo uma coisa: mesmo
estando aqui nos EUA, eu hoje vejo apenas a BBC. Não assisto à TV
americana.
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