São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

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entrevista

Para embaixador do Brasil, votação foi "exemplar"

DA ENVIADA ESPECIAL A HARARE
EM HARARE

Único observador enviado do Brasil para acompanhar as eleições do Zimbábue, o deputado federal Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) afirmou à Folha que, apesar de considerar o "ambiente de votação para o cidadão de absoluta tranqüilidade", tem preocupações quanto às condições da campanha e à apuração.
Ao lado do também observador Raul de Tonay, embaixador do Brasil em Harare, Pannunzio visitou oito seções eleitorais anteontem. "Notadamente nas áreas periféricas, a votação ocorreu em tendas sem energia elétrica, o que poderia causar problemas para a apuração", disse. Ele também pôde confirmar relatos de ONGs independentes e da oposição de que muitos eleitores foram impedidos de votar por não encontrarem seus nomes nas seções de costume. "Acredito que muitos deixaram de votar devido a esse incômodo."
Quanto ao período pré-votação, o deputado afirmou que houve visível privilégio do candidato situacionista -o ditador Robert Mugabe- no acesso à mídia. "Há uma confusão deliberada entre governo e partido governista [Zanu-PF]."
Em sua primeira missão de observação eleitoral, Pannunzio viajou sem treinamento ou preparação específica ou mesmo contato anterior com o governo brasileiro. Ele chegou ao Zimbábue na última quinta e partiu ontem à tarde, sem acompanhar a tabulação dos resultados. "Nosso compromisso era acompanhar o processo de votação", disse.
Raul de Tonay, por sua vez, disse considerar o processo de votação "exemplar".
O Brasil, em tentativas de votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU, se absteve de condenar o regime de Mugabe por violações em três ocasiões diferentes.
Um dos 47 convidados a acompanhar o processo, o Itamaraty não havia confirmado o envio de missão até cerca de uma semana antes da eleição. Com EUA e União Européia barrados, puderam participar como observadores representantes de Rússia, China, Venezuela, Irã e países africanos.
"É fácil notar que o Ocidente tenta por quaisquer meios produzir mudança de regime no Zimbábue, mas as eleições foram justas e livres. Esses discursos sobre um regime sangüinário são ridículos. Estou aqui há dois anos e nunca vi violência", afirmou à Folha um diplomata russo sob anonimato. (AM e FZ)


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