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entrevista
Para embaixador do Brasil, votação foi "exemplar"
DA ENVIADA ESPECIAL A HARARE
EM HARARE
Único observador enviado
do Brasil para acompanhar
as eleições do Zimbábue, o
deputado federal Antonio
Carlos Pannunzio (PSDB-SP) afirmou à Folha que,
apesar de considerar o "ambiente de votação para o cidadão de absoluta tranqüilidade", tem preocupações
quanto às condições da campanha e à apuração.
Ao lado do também observador Raul de Tonay, embaixador do Brasil em Harare,
Pannunzio visitou oito seções eleitorais anteontem.
"Notadamente nas áreas periféricas, a votação ocorreu
em tendas sem energia elétrica, o que poderia causar
problemas para a apuração",
disse. Ele também pôde confirmar relatos de ONGs independentes e da oposição
de que muitos eleitores foram impedidos de votar por
não encontrarem seus nomes nas seções de costume.
"Acredito que muitos deixaram de votar devido a esse
incômodo."
Quanto ao período pré-votação, o deputado afirmou
que houve visível privilégio
do candidato situacionista
-o ditador Robert Mugabe-
no acesso à mídia. "Há uma
confusão deliberada entre
governo e partido governista
[Zanu-PF]."
Em sua primeira missão
de observação eleitoral, Pannunzio viajou sem treinamento ou preparação específica ou mesmo contato anterior com o governo brasileiro. Ele chegou ao Zimbábue
na última quinta e partiu ontem à tarde, sem acompanhar a tabulação dos resultados. "Nosso compromisso
era acompanhar o processo
de votação", disse.
Raul de Tonay, por sua
vez, disse considerar o processo de votação "exemplar".
O Brasil, em tentativas de
votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU, se
absteve de condenar o regime de Mugabe por violações
em três ocasiões diferentes.
Um dos 47 convidados a
acompanhar o processo, o
Itamaraty não havia confirmado o envio de missão até
cerca de uma semana antes
da eleição. Com EUA e
União Européia barrados,
puderam participar como
observadores representantes de Rússia, China, Venezuela, Irã e países africanos.
"É fácil notar que o Ocidente tenta por quaisquer
meios produzir mudança de
regime no Zimbábue, mas as
eleições foram justas e livres.
Esses discursos sobre um regime sangüinário são ridículos. Estou aqui há dois anos e
nunca vi violência", afirmou
à Folha um diplomata russo
sob anonimato.
(AM e FZ)
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