São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

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Clérigo suspende combates no Iraque

Após seis dias de conflitos, Sadr ordena a milicianos que parem de enfrentar forças armadas iraquianas e da coalizão

Crise deflagrada em Basra deixou pelo menos 350 mortos; sadristas acusam soldados americanos de "continuarem atirando"

DA REDAÇÃO

O clérigo xiita Moqtada al Sadr ordenou ontem aos membros de sua milícia, Exército de do Mehdi, que deixem as ruas de Basra e outras cidades iraquianas e abandonem os combates contra forças do governo e da coalizão liderada pelos EUA, encerrando um ciclo de violência que durou seis dias e causou pelo menos 350 mortos no país.
"Por causa da responsabilidade religiosa e para fazer com que se pare de derramar sangue iraquiano, nós pedimos um fim das ações armadas em Basra e em todas as outras províncias", disse Sadr em comunicado.
"Assim que ouvimos a ordem de Moqtada, começamos a nos retirar das ruas", relatou Abu Mustapha, um membro da milícia em Sadr City, o maior bairro xiita de Bagdá. "Obedecemos ao comando. No entanto, os americanos continuam a atirar contra nossos milicianos", acrescentou.
A ordem de interromper o conflito surge três dias depois de o governo do Iraque dar um prazo até 8 de abril para que os militantes depusessem as armas em troca de compensações financeiras.
Não está claro se houve de fato um acordo entre o governo e o Exército Mehdi, apesar de relatos indicando que Bagdá teria enviado emissários ao Irã, que apóia Sadr, para buscar uma solução. O clérigo exige que sejam libertados seus milicianos que foram feitos prisioneiros nos últimos dias.
Sem dar detalhes, o governo do Iraque elogiou a "atitude positiva" de Sadr e anunciou o levante do toque de recolher que vigorava em Bagdá, causando transtorno aos moradores e às atividades econômicas.
A onda de violência começou na terça, quando o premiê do Iraque, Nuri al Maliki, lançou uma ofensiva no sul para retomar o controle de seu governo sobre Basra, capital petrolífera dominada por milícias xiitas.
Sadr acusou Maliki de usar a operação como pretexto para eliminar ou ao menos enfraquecer o Exército do Mehdi em detrimento de outros grupos xiitas, ligados ao governo.
A crise se alastrou por outras cidades, Bagdá em particular, e levou o governo iraquiano a pedir ajuda às forças americanas e britânicas, que bombardearam Basra tendo como alvo focos da milícia.
A repressão ameaçou acabar com uma trégua unilateral decretada em agosto e que ajudou a reduzir em 60% a violência no país no segundo semestre do ano passado.


Com agências internacionais


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