|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bolívia vive impasse entre juízes e Executivo
Sem consenso, Congresso não nomeia membros do Supremo; guerra jurídica começou com destituição de nomeados por Morales
Congresso definiu vetos à Corte para quem atuou na defesa de traficantes, países estrangeiros contra a Bolívia ou participou de ditaduras
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Congresso boliviano encerrou ontem sem consenso a
sessão para nomear os quatro
novos juízes da Corte Suprema,
e o impasse continua em meio a
uma briga entre o governo do
presidente Evo Morales e o Poder Judiciário.
Os parlamentares devem escolher entre 179 candidatos,
mas não houve acordo -algo
comum no ambiente de forte
polarização no país.
A única decisão de consenso
foi sobre os critérios eliminatórios. Serão vetados candidatos
que alguma vez tenham defendido narcotraficantes ou tomado decisões favoráveis a algum
país ou empresa estrangeira.
Também será eliminado quem
tenha participado ou defendido
ditaduras, ou quem já vulnerou
os direitos humanos.
Ainda ficam fora da disputa
candidatos que tenham parentesco em até quarto grau com o
presidente, vice-presidente e
membros do Congresso, bem
como os que exerçam qualquer
tipo de militância política.
Na próxima semana, o Congresso deve se reunir novamente para designar os novos
juízes do Supremo, que substituirão os quatro exonerados
pelo Tribunal Constitucional.
A sentença do TC vem provocando um embate entre governo e Judiciário.
Morales havia nomeado quatro juízes interinos em dezembro, e o TC os destituiu no início de maio afirmando que o
período de interinidade expirara. Alegando que o TC não tem
competência para a destituição
e citando a Justiça como "uma
das instituições mais corruptas
da Bolívia", o presidente pediu
então que o Congresso processasse os quatro ministros do
Tribunal Constitucional.
Anteontem, uma comissão
do Congresso, liderada por um
deputado governista, ordenou
a prisão de quatro juízes do TC.
Os membros do tribunal, em
comunicado público, disseram
que a ordem de detenção era
um "atropelo" do Poder Judiciário e que os deputados não
tinham atribuição legal para
ordenar as detenções.
Para o constitucionalista Gabriel Peláez, a confusão vai continuar. "O Congresso tem direito de julgar os juízes e acusar
esse delito penal. Como o governo tem maioria na Câmara,
a acusação deve passar -o que
provoca a suspensão dos juízes- e aí vai ao Senado. Lá é
complicado, pois o governo não
tem maioria. Enquanto isso, o
governo consegue seu objetivo
de deixar o Tribunal Constitucional sem funcionar", explica.
Para Peláez, o governo agiu
de forma revanchista, mas o
processo segue os "passos legais".
Texto Anterior: México: País é o segundo mais perigoso para jornalistas, diz "Post" Próximo Texto: Entrevista: "Culpa é do Congresso", diz jurista Índice
|