São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Candidatos visitam Estados decisivos para a disputa; pesquisa diz que democrata subiu após a convenção

Kerry e Bush mergulham na campanha

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Na manhã seguinte à convenção que o indicou para disputar a Presidência dos EUA, John Kerry iniciou uma maratona de viagens por 21 Estados. Junto com seu vice, John Edwards, Kerry embarcou ontem em um ônibus que rodará 5.200 quilômetros em duas semanas. O presidente George W. Bush, que ficou recolhido durante o evento democrata, também mergulhou na campanha.
A viagem pós-convenção da dupla Kerry-Edwards tentará repetir a vitoriosa estratégia do ex-presidente Bill Clinton em 1992, quando ele percorreu o país em um ônibus logo depois de ser apontado candidato. A caravana de Clinton continuou a atrair a atenção da mídia por várias semanas.
No itinerário de Kerry e Edwards, que cruzarão o país de costa a costa, aparecem três Estados que prometem ser decisivos na eleição de novembro: Pensilvânia, Virgínia Ocidental e Ohio. Bush, que deve fazer campanha hoje nos dois primeiros Estados, fez ontem comícios em Missouri e Michigan e deveria estar à noite em Ohio. "Ouvimos muitos discursos inteligentes e grandes promessas", disse o presidente sobre a convenção democrata. "Meu oponente tem boas intenções, mas intenções nem sempre se traduzem em resultados."
Ontem, Kerry e Edwards apareceram estampados em quase todas as primeiras páginas dos principais jornais americanos. No geral, a mídia aprovou tanto a performance do candidato quanto o conteúdo de seu discurso de 45 minutos da noite anterior.
O "New York Times" e o "Washington Post", no entanto, apresentaram críticas em editoriais. O jornal da capital disse que "Kerry falou com confiança e eloqüência, mas seu discurso foi uma decepção" por não esclarecer se teria ido à guerra caso fosse o presidente e nem o que entende por "terminar o trabalho" no país. O diário nova-iorquino também lamentou a falta de uma "visão clara" sobre o Iraque.

Pesquisas
Durante a convenção em Boston, Kerry abriu cinco pontos de vantagem sobre Bush. Pesquisa do instituto Zogby realizada durante os quatro dias da convenção, mostrou, no entanto, que não foi Kerry quem ganhou pontos, mas Bush quem perdeu três pontos percentuais para a categoria "indecisos".
Segundo a pesquisa nacional, realizada entre 1.001 eleitores, Kerry tem hoje 48% das intenções de voto e Bush, 43% -com 8% de indecisos.
Há um mês, os democratas tinham os mesmos 48%, enquanto Bush estava com 46%. Os indecisos somavam 5%.
Como a margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos percentuais, Kerry e Bush continuam estatisticamente empatados depois de quatro dias de "bombardeio" democrata na mídia durante a convenção.
Pesquisas aguardadas para os próximos dias devem captar um avanço um pouco maior para Kerry. Mas analistas acreditam que o candidato, em campanha nacional desde março, já tenha conquistado quase o máximo da exposição possível.
Alguns republicanos vêm afirmando que Kerry poderá ganhar até 15 pontos percentuais nos próximos dias, mas as declarações têm sido interpretadas como estratégia para desqualificar qualquer avanço abaixo desse teto.
Simultaneamente ao início da turnê de ônibus pelo país, o Comitê Nacional Democrata colocou no ar uma nova série de anúncios favoráveis a Kerry.
Nas próximas semanas, a campanha do candidato, que tem fundos independentes aos do partido, deverá poupar recursos.
Os anúncios pagos por Kerry devem voltar ao ar após a convenção republicana, a ser realizada no final de agosto e que também deve dar algum impulso nas pesquisas para Bush.
Na campanha de Kerry, a estratégia dessa nova fase é fechar o foco sobre os até 20% dos eleitores que, segundo os números do partido, ainda conhecem pouco o candidato.
Os democratas também devem passar a colocar o vice John Edwards, senador por um Estado agrícola do sul, a Carolina do Norte, na linha de frente da campanha para tentar conquistar eleitores em zonas rurais.
Na eleição de 2000, o candidato democrata derrotado Al Gore obteve menos de 40% dos votos em comunidades com 50 mil habitantes ou menos.


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