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ELEIÇÃO NOS EUA
Candidatos visitam Estados decisivos para a disputa; pesquisa diz que democrata subiu após a convenção
Kerry e Bush mergulham na campanha
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON
Na manhã seguinte à convenção
que o indicou para disputar a Presidência dos EUA, John Kerry iniciou uma maratona de viagens
por 21 Estados. Junto com seu vice, John Edwards, Kerry embarcou ontem em um ônibus que rodará 5.200 quilômetros em duas
semanas. O presidente George W.
Bush, que ficou recolhido durante
o evento democrata, também
mergulhou na campanha.
A viagem pós-convenção da dupla Kerry-Edwards tentará repetir
a vitoriosa estratégia do ex-presidente Bill Clinton em 1992, quando ele percorreu o país em um
ônibus logo depois de ser apontado candidato. A caravana de Clinton continuou a atrair a atenção
da mídia por várias semanas.
No itinerário de Kerry e Edwards, que cruzarão o país de costa a costa, aparecem três Estados
que prometem ser decisivos na
eleição de novembro: Pensilvânia,
Virgínia Ocidental e Ohio. Bush,
que deve fazer campanha hoje
nos dois primeiros Estados, fez
ontem comícios em Missouri e
Michigan e deveria estar à noite
em Ohio. "Ouvimos muitos discursos inteligentes e grandes promessas", disse o presidente sobre
a convenção democrata. "Meu
oponente tem boas intenções,
mas intenções nem sempre se traduzem em resultados."
Ontem, Kerry e Edwards apareceram estampados em quase todas as primeiras páginas dos principais jornais americanos. No geral, a mídia aprovou tanto a performance do candidato quanto o
conteúdo de seu discurso de 45
minutos da noite anterior.
O "New York Times" e o "Washington Post", no entanto, apresentaram críticas em editoriais. O
jornal da capital disse que "Kerry
falou com confiança e eloqüência,
mas seu discurso foi uma decepção" por não esclarecer se teria
ido à guerra caso fosse o presidente e nem o que entende por "terminar o trabalho" no país. O diário nova-iorquino também lamentou a falta de uma "visão clara" sobre o Iraque.
Pesquisas
Durante a convenção em Boston, Kerry abriu cinco pontos de
vantagem sobre Bush. Pesquisa
do instituto Zogby realizada durante os quatro dias da convenção, mostrou, no entanto, que não
foi Kerry quem ganhou pontos,
mas Bush quem perdeu três pontos percentuais para a categoria
"indecisos".
Segundo a pesquisa nacional,
realizada entre 1.001 eleitores,
Kerry tem hoje 48% das intenções
de voto e Bush, 43% -com 8% de
indecisos.
Há um mês, os democratas tinham os mesmos 48%, enquanto
Bush estava com 46%. Os indecisos somavam 5%.
Como a margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos percentuais, Kerry e Bush continuam
estatisticamente empatados depois de quatro dias de "bombardeio" democrata na mídia durante a convenção.
Pesquisas aguardadas para os
próximos dias devem captar um
avanço um pouco maior para
Kerry. Mas analistas acreditam
que o candidato, em campanha
nacional desde março, já tenha
conquistado quase o máximo da
exposição possível.
Alguns republicanos vêm afirmando que Kerry poderá ganhar
até 15 pontos percentuais nos
próximos dias, mas as declarações têm sido interpretadas como
estratégia para desqualificar qualquer avanço abaixo desse teto.
Simultaneamente ao início da
turnê de ônibus pelo país, o Comitê Nacional Democrata colocou no ar uma nova série de
anúncios favoráveis a Kerry.
Nas próximas semanas, a campanha do candidato, que tem fundos independentes aos do partido, deverá poupar recursos.
Os anúncios pagos por Kerry
devem voltar ao ar após a convenção republicana, a ser realizada no
final de agosto e que também deve dar algum impulso nas pesquisas para Bush.
Na campanha de Kerry, a estratégia dessa nova fase é fechar o foco sobre os até 20% dos eleitores
que, segundo os números do partido, ainda conhecem pouco o
candidato.
Os democratas também devem
passar a colocar o vice John Edwards, senador por um Estado
agrícola do sul, a Carolina do Norte, na linha de frente da campanha
para tentar conquistar eleitores
em zonas rurais.
Na eleição de 2000, o candidato
democrata derrotado Al Gore obteve menos de 40% dos votos em
comunidades com 50 mil habitantes ou menos.
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