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Aliados afirmam que líder golpista aceitará acordo
Segundo funcionário de alto escalão, resistência vem da elite econômica e política
Em telefonema a mediador, presidente interino pediu o envio de uruguaio para Honduras, em prol de diálogo interno de união
DA REDAÇÃO
O presidente interino de
Honduras, Roberto Micheletti,
está disposto a negociar a restituição do mandatário deposto,
Manuel Zelaya, ao poder
-ponto-chave do acordo proposto e até agora refutado. Mas
depende do apoio de outros setores do regime golpista e da
elite econômica do país, de
acordo com funcionários do alto escalão do governo.
Sob condição de anonimato,
os funcionários dizem que Micheletti não é o principal responsável pelo entrave nas negociações e que a maior resistência parte de membros poderosos de outras instâncias do
regime e da elite econômica,
que estão irredutíveis.
Segundo o "New York Times", essa situação foi exposta
por Micheletti ao presidente da
Costa Rica e mediador do impasse, Óscar Arias, em conversa
por telefone anteontem, quando o presidente interino pediu
o envio de uma comissão para
promover um diálogo interno
de reconciliação.
A preferência de Micheletti é
de que seja enviado o uruguaio
Enrique Iglesias, secretário-geral ibero-americano. Segundo
Arias, o pedido será analisado
no fim de semana, quando Iglesias vai para a Costa Rica.
Ontem, Micheletti criticou
os EUA por cancelarem os vistos diplomáticos de quatro autoridades do governo golpista,
dizendo que os americanos deveriam apoiar a mediação e a
solução pacífica em vez de aplicar sanções.
Sinais ambivalentes
A declaração é mais um sinal
de ambiguidade na posição do
presidente interino, que em alguns momentos se mostra disposto a aceitar o Acordo de San
José proposto por Arias, e, em
outros, fecha as portas para
uma possível volta de Zelaya.
O Congresso do regime golpista, que votaria a proposta de
acordo ontem, adiou para a
próxima segunda-feira a discussão de um relatório feito por
uma comissão de deputados.
O adiantamento da eleição
de novembro para outubro, um
dos pontos previstos no acordo,
já foi descartado nesta semana
pelo TSE (Tribunal Supremo
Eleitoral), que argumentou inconstitucionalidade.
Segundo o jornal alinhado
aos golpistas "El Heraldo", de
Tegucigalpa, a Associação de
Magistrados da Corte Suprema
de Justiça também se manifestou contrária ao acordo, dizendo ser inaceitável a anistia legal
para ambos os polos da disputa,
outra condição prevista no
Acordo de San José.
Do outro lado do conflito, um
encontro entre Zelaya e uma
comitiva enviada pelos EUA foi
realizado na Embaixada de
Honduras na Nicarágua na tarde de ontem. O embaixador
americano em Tegucigalpa,
Hugo Llorens, que participou
da reunião, disse que a conversa tratou da mediação internacional para resolver o conflito.
Hoje, a OEA (Organização
dos Estados Americanos), que
suspendeu Honduras depois do
golpe, realiza sessão extraordinária para debater a crise no
país. Analistas especulam que o
órgão pode aprovar novas medidas contra o regime golpista.
Em Tegucigalpa, marchas e
bloqueios de estrada realizados
por apoiadores de Zelaya foram
violentamente dispersados ontem pelo Exército e pela polícia
hondurenha (leia ao lado).
Com agências internacionais e
o "New York Times"
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