São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Aliados afirmam que líder golpista aceitará acordo

Segundo funcionário de alto escalão, resistência vem da elite econômica e política

Em telefonema a mediador, presidente interino pediu o envio de uruguaio para Honduras, em prol de diálogo interno de união

DA REDAÇÃO

O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, está disposto a negociar a restituição do mandatário deposto, Manuel Zelaya, ao poder -ponto-chave do acordo proposto e até agora refutado. Mas depende do apoio de outros setores do regime golpista e da elite econômica do país, de acordo com funcionários do alto escalão do governo.
Sob condição de anonimato, os funcionários dizem que Micheletti não é o principal responsável pelo entrave nas negociações e que a maior resistência parte de membros poderosos de outras instâncias do regime e da elite econômica, que estão irredutíveis.
Segundo o "New York Times", essa situação foi exposta por Micheletti ao presidente da Costa Rica e mediador do impasse, Óscar Arias, em conversa por telefone anteontem, quando o presidente interino pediu o envio de uma comissão para promover um diálogo interno de reconciliação.
A preferência de Micheletti é de que seja enviado o uruguaio Enrique Iglesias, secretário-geral ibero-americano. Segundo Arias, o pedido será analisado no fim de semana, quando Iglesias vai para a Costa Rica.
Ontem, Micheletti criticou os EUA por cancelarem os vistos diplomáticos de quatro autoridades do governo golpista, dizendo que os americanos deveriam apoiar a mediação e a solução pacífica em vez de aplicar sanções.

Sinais ambivalentes
A declaração é mais um sinal de ambiguidade na posição do presidente interino, que em alguns momentos se mostra disposto a aceitar o Acordo de San José proposto por Arias, e, em outros, fecha as portas para uma possível volta de Zelaya.
O Congresso do regime golpista, que votaria a proposta de acordo ontem, adiou para a próxima segunda-feira a discussão de um relatório feito por uma comissão de deputados.
O adiantamento da eleição de novembro para outubro, um dos pontos previstos no acordo, já foi descartado nesta semana pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral), que argumentou inconstitucionalidade.
Segundo o jornal alinhado aos golpistas "El Heraldo", de Tegucigalpa, a Associação de Magistrados da Corte Suprema de Justiça também se manifestou contrária ao acordo, dizendo ser inaceitável a anistia legal para ambos os polos da disputa, outra condição prevista no Acordo de San José.
Do outro lado do conflito, um encontro entre Zelaya e uma comitiva enviada pelos EUA foi realizado na Embaixada de Honduras na Nicarágua na tarde de ontem. O embaixador americano em Tegucigalpa, Hugo Llorens, que participou da reunião, disse que a conversa tratou da mediação internacional para resolver o conflito.
Hoje, a OEA (Organização dos Estados Americanos), que suspendeu Honduras depois do golpe, realiza sessão extraordinária para debater a crise no país. Analistas especulam que o órgão pode aprovar novas medidas contra o regime golpista.
Em Tegucigalpa, marchas e bloqueios de estrada realizados por apoiadores de Zelaya foram violentamente dispersados ontem pelo Exército e pela polícia hondurenha (leia ao lado).


Com agências internacionais e o "New York Times"



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